O Padre italiano Vito Miracapillo, que foi expulso pela ditadura militar, volta ao Brasil

Do Portal Vermelho
O padre italiano Vito Miracapillo, (foto) que foi expulso do Brasil pela ditadura militar em setembro de 1980 voltou a Pernambuco no último dia 03/01. Ele foi beneficiado por uma decisão inédita do Ministério da Justiça que lhe devolveu o visto de permanência (decisão publicada no Diário Oficial da União em 18 de novembro de 2011).
Ele era vigário na cidade de Ribeirão (Diocese de Palmares, PE) entre 1975 a 1980, e desenvolveu intensa atividade em defesa dos moradores, grande parte deles trabalhadores de cana de açúcar. Este foi o motivo de sua expulsão, em 1980, mesmo tendo havido forte campanha entre os setores democráticos e progressistas por sua permanência no Brasil. Leia mais

O estopim para a expulsão foi sua recusa em celebrar duas missas em praça pública que a prefeitura local, com apoio dos militares e dos setores conservadores, queria impor ao sacerdote, uma delas pelo sete de setembro, e outra pelo aniversário da emancipação do município de Ribeirão.
O padre justificou sua decisão dizendo, na época, que não celebraria aquelas missas “por vários motivos, entre os quais a não efetiva independência do povo reduzido a condição de pedinte e desamparado em seus direitos”. Ele celebrou missas naqueles dias, mas fora da programação política que a prefeitura e a oligarquia local queriam lhe impor.
Foi apoiado pela CNBB nessa decisão mas, mesmo assim, foi denunciado ao ministro da Justiça Ibrahim Abi-Ackel pelo então prefeito, Salomão Correia Brasil (PDS, o partido da ditadura), acusado de afronta à pátria. A expulsão foi confirmada pelo STF (Superior Tribunal Federal) por 11 votos a zero.

A devolução de seu visto de permanência foi comemorada pela CNBB e restaura uma grave violação comemtida pela ditadura militar contra um sacerdote que destacou-se na luta pela democracia e pelos direitos do povo e dos trabalhadores.

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