As casas de veraneio construídas em terras da reforma agrária

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“Brasil é o país de todos, rapaz. Brasil é o país de todos. Brasil, quem tem esse [faz sinal de dinheiro] tem tudo na mão. Agora o cara que anda arrastando a barriga no chão, com a mão calejada, não tem vez, rapaz”. A frase, de um caseiro, encerra uma reportagem estarrecedora levada ao ar no domingo pelo Fantástico, da TV Globo. A reportagem revela como lotes de terras do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Bahia e em Mato Grosso são obtidos e vendidos de forma irregular, permitindo que fazendas e casas de veraneio (até mesmo de estrangeiros, que não podem receber terras do Incra) sejam construídas em áreas que deveriam ser destinadas a famílias pobres, que não possuem terras para trabalhar.

O esquema inclui a má fé dos compradores desses terrenos, corrupção dentro do Incra, a incompetência do órgão, e envolve Sindicato dos Trabalhadores Rurais, como mostra este trecho da reportagem:

José Carlos Suzin, o Carlão, é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Ele conta que o segredo para enganar o Incra é colocar um laranja morando na terra para passar pela vistoria. “Se seu funcionário tem perfil agrícola, não tem bens, não é funcionário do estado ou não tem terra no nome, o que pode inviabilizar são esses fatores”, lembra. Veja o argumento que o presidente do sindicato usa para justificar o comércio ilegal de lotes. “O Incra tem mania de botar família de pobre em cima de terra, pobre em cima de terra não produz nada”, argumenta o presidente do sindicato para justificar o comércio ilegal de lotes.

José Antônio Lima

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