“Velha” Maçonaria versus “Nova” Maçonaria

Por Luiz Sérgio de Freitas Castro

Ao longo dos séculos, a Maçonaria tem sido uma instituição viva, dinâmica e, sobretudo, evolutiva. Contudo, entre os estudiosos e praticantes da Arte Real, é comum emergir uma dualidade entre o que se convencionou chamar de “Velha” Maçonaria e a chamada “Nova” Maçonaria. Essa distinção, embora não institucional, reflete um debate profundo sobre os rumos simbólicos, espirituais, sociais e éticos da Ordem nos tempos atuais.

A “Velha” Maçonaria: Tradição, Rigor e Silêncio

A “Velha” Maçonaria é frequentemente associada à fidelidade aos antigos landmarks, aos rituais tradicionais, à simbologia profunda e ao esoterismo silencioso que permeia seus ensinamentos. Nela, o silêncio, a discrição e a busca interior são valorizados como fundamentos do aperfeiçoamento moral e espiritual do iniciado. O Templo é visto como um espaço sagrado, separado do mundo profano, onde o ritual é uma ponte entre o visível e o invisível.

Essa corrente valoriza o estudo dos símbolos, das alegorias, das tradições iniciáticas e do legado ancestral, conectando a Maçonaria com os mistérios antigos, com a filosofia perene e com a tradição hermética. A espiritualidade e a introspecção são partes indissociáveis do processo iniciático, e o maçom é visto como um construtor de si mesmo, um artífice do Templo interior.

A “Nova” Maçonaria: Modernidade, Visibilidade e Ação Social

Por outro lado, a “Nova” Maçonaria é marcada por uma tendência à modernização e maior abertura para a sociedade. Esta vertente vê a Maçonaria como um agente social ativo, voltado para causas humanitárias, filantrópicas e educativas. A ênfase recai mais sobre a ética do comportamento, os valores republicanos e o engajamento cívico do que sobre o esoterismo.

Nessa perspectiva, há uma aproximação com as ferramentas tecnológicas, redes sociais, transparência e diálogo com a sociedade civil. A Maçonaria deixa de ser apenas um caminho iniciático para tornar-se também uma instituição com voz pública, voltada para a defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade em sua dimensão social.

Choque de Paradigmas ou Complementariedade?

A tensão entre esses dois modelos não deve ser entendida como uma oposição irreconciliável. Ao contrário, a Maçonaria é, por essência, uma síntese de dualidades. A tradição não precisa ser inimiga da modernidade, e a ação social não precisa excluir a espiritualidade. O verdadeiro desafio está em preservar o coração iniciático da Ordem, ao mesmo tempo em que se responde com sabedoria às demandas do tempo presente.

O risco da “Nova” Maçonaria é tornar-se superficial, perdendo sua profundidade simbólica e espiritual. O risco da “Velha” Maçonaria é isolar-se, afastando-se das necessidades do mundo que a cerca. O equilíbrio talvez esteja em um retorno consciente à essência dos antigos mistérios, mas com uma linguagem que fale ao homem contemporâneo.

Conclusão

A Maçonaria permanece viva justamente porque se transforma. Mas que essa transformação não seja uma ruptura, e sim uma evolução coerente com seus princípios eternos. “Velha” ou “Nova”, que a Maçonaria continue a ser a Luz que guia, o Templo que eleva e a Escola que forma homens livres e de bons costumes.

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3 Comentários

  1. Realmente estamos momentos de reflexão mas importante conciliar o novo com os antigos e preservar a essência dos nossos valores e princípios .

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  2. A evolução existe, os ensinamentos da Maçonaria não tem como mudar, exemplo: como mudar LIBERDADE IGUALDADE E FRATERNIDADE? ÉTICA, SER LIVRE E DE BONS COSTUMES, esses ensinamentos não mudam, o que sempre acontece na Ordem é que alguns membros entram e quer adaptar a vida que ele acha que é certo pra Ordem seguir, o que deve ser e os ensinamentos da maçonaria entrar em você e não ao contrario.

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  3. Em tempo, A Bíblia evoluiu?

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