Por Timothy
I. Whipple
Fonte: Knight
Templar Magazine
Em 11 de
outubro de 1660, o Major-General Thomas Harrison foi considerado
culpado de alta traição. O tribunal o sentenciou à pena usual: enforcamento,
arrastamento e esquartejamento:
"A sentença do tribunal é que você seja levado ao lugar de onde veio e, de lá, arrastado sobre uma padiola até o local da execução, e então você será enforcado pelo pescoço e, ainda vivo, cortado, tendo seus órgãos genitais removidos, suas entranhas retiradas de seu corpo e, ainda vivo, queimadas diante de seus olhos; sua cabeça será decepada, seu corpo dividido em quatro partes, e cabeça e membros serão dispostos à vontade de Sua Majestade, o Rei. E que o Senhor tenha piedade de sua alma."
O estudante
dos rituais maçônicos reconhecerá, nessa descrição das punições impostas a
Harrison, uma forte semelhança com os sinais e penalidades da Maçonaria
Simbólica. Este ensaio descreve em detalhes o processo horrível de
enforcamento, arrastamento e esquartejamento de traidores, a fim de ajudar o
leitor a identificar certas semelhanças com as penas simbólicas maçônicas.
O Processo de Enforcamento, Arrastamento e Esquartejamento
Para
explorar o simbolismo possível dos sinais e penas maçônicas, é necessário
primeiro conhecer os detalhes exatos do processo. A primeira etapa era o
chamado "arrastamento": o prisioneiro era amarrado a um trenó ou
grade de madeira e arrastado por um cavalo desde a prisão até o local da
execução.
Ao chegar,
frequentemente era obrigado a assistir à execução de outros condenados
antes de sua própria, o que causava terror psicológico intenso antes mesmo do
sofrimento físico. Em seguida, vinha o "enforcamento": o prisioneiro
era despido, com os braços amarrados à frente, e colocado sobre uma carroça ou
escada, com um laço no pescoço. Quando o oficial dava o sinal, a carroça era
retirada ou a escada empurrada, deixando-o suspenso no ar e estrangulando-se.
Era retirado do laço ainda vivo, pois a pena previa que ele fosse castrado
e eviscerado em plena consciência.
Depois do
enforcamento, iniciava-se o "esquartejamento". O prisioneiro era
levado até uma fogueira acesa e amarrado a uma tábua próxima.
Então, o
executor realizava a parte mais horrível do suplício de maneira ritualística
e meticulosa:
1. Cortava os genitais e os lançava ao fogo.
2. Abria o abdômen e removia os órgãos internos, que também eram
queimados.
3. O peito era aberto e o coração arrancado ainda pulsando, exibido
à multidão e depois queimado.
O
prisioneiro costumava estar ainda vivo e consciente até esse ponto.
Em seguida,
sua cabeça era cortada e erguida para a multidão. Por fim, o corpo era dividido
em quatro partes: as pernas eram separadas nos quadris, e o tronco cortado
ao meio pela coluna. A cabeça era fervida e frequentemente exposta
publicamente, como na Ponte de Londres.
As Penas por Traição Tinham um Fundamento Filosófico
Historicamente,
o enforcamento, arrastamento e esquartejamento não eram apenas atos de
crueldade. Havia uma filosofia de punição em que o corpo físico do
criminoso era disciplinado por ser instrumento de sua transgressão.
Sir Edward
Coke, o mais notável jurista inglês do século
XVII, explicou o significado simbólico de cada etapa da pena:
- Arrastamento: o traidor, tendo se rebelado contra a natureza e a ordem, era
considerado indigno de tocar a terra, e por isso era arrastado com
a cabeça voltada para o chão.
- Enforcamento: o traidor era suspenso entre o Céu e a Terra, considerado indigno
de ambos.
- Castração: os órgãos genitais eram queimados diante dele, pois ele era
considerado indigno de deixar descendência.
- Evisceração: os órgãos internos, onde se acreditava residirem os pensamentos
de traição, eram purificados pelo fogo.
- Decapitação e esquartejamento: a cabeça, que imaginou o crime, era decepada; os membros expostos ao público, para exemplo e terror.
Execuções Públicas e Punições Conhecidas
As penas
maçônicas, hoje vistas como obscuras ou simbólicas, eram
perfeitamente compreensíveis no século XVIII, quando execuções públicas
eram frequentes.
A pena era reservada
aos crimes de alta traição, mas esses não eram raros:
- Entre 1577 e 1603, mais de 200
católicos foram executados dessa forma.
- A prática só foi oficialmente abolida
em 1870.
Entre os
condenados mais notórios estão:
- David,
último Príncipe de Gales;
- William Wallace, líder escocês;
- Guy Fawkes, do complô da pólvora;
- Os regicidas do rei Carlos I;
- Os rebeldes jacobitas de 1715 e 1745.
As
execuções podiam atrair até 100 mil pessoas, tornando plausível que os fundadores
da Primeira Grande Loja da Inglaterra, em 1717, tenham presenciado a
execução de John Dorrell, John Gordon e William Kerr, em 1715.
Conclusão
O caráter filosófico
e ritualístico das penas por alta traição sugere que as penalidades
simbólicas no ritual maçônico podem ter origens e propósitos semelhantes,
de caráter iniciático, moral e simbólico.
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