Da Redação
O dia 30 de março ocupa um lugar significativo na história da Maçonaria lusobrasileira. Diversos eventos importantes ocorreram nessa data ao longo dos séculos, marcando momentos de reorganização, perseguição e afirmação dos ideais maçônicos em meio às turbulências políticas do seu tempo. Vamos relembrar alguns marcos históricos:
1807 – Fundação da Loja Virtude e Razão Restaurada
Em 30 de março de 1807, doze membros da Loja Virtude e Razão, insatisfeitos com os rumos da oficina original, decidiram se retirar e fundar uma nova Loja: a Virtude e Razão Restaurada. Esse gesto não apenas expressava um desejo de renovação interna, mas também marcou o início de uma fase de instabilidade no cenário maçônico brasileiro.
Essa instabilidade perduraria até a fundação da emblemática Loja Comércio e Artes, que se tornaria um pilar na consolidação da Maçonaria no Brasil, especialmente no contexto da independência e do surgimento de uma identidade nacional autônoma.
1809 – Nova Perseguição aos Maçons
Dois anos depois, em 1809, o governo português voltou a intensificar a repressão contra a Maçonaria. Muitos irmãos foram presos, acusados de conspirar contra a Coroa. Essas perseguições, repetidas ao longo do tempo, refletiam o medo das autoridades diante da crescente influência das ideias iluministas, que defendiam a liberdade de pensamento, o constitucionalismo e os direitos civis — valores incompatíveis com os regimes absolutistas então vigentes.
1818 – Decreto de Dom João VI Contra Sociedades Secretas
Em 30 de março de 1818, Dom João VI, ainda no Brasil com a Corte portuguesa, assinou um decreto declarando criminosas todas as sociedades secretas, com foco evidente na Maçonaria. No documento oficial, o rei afirmava:
“Eu El-Rei faço saber (...) que se tendo verificado pelos acontecimentos que são bem notórios o excesso de abuso a que têm chegado as sociedades secretas (...) sou servido declarar por criminosas e proibidas todas e quaisquer sociedades secretas de qualquer denominação que sejam...”
Mesmo com essa proibição, o avanço das ideias liberais — impulsionado pelas maçonarias inglesa e francesa — já era inevitável. A Europa estava em ebulição, e o mundo colonial enfrentava as primeiras rachaduras em suas estruturas arcaicas.
Pouco tempo depois, em 1820, a Revolução Liberal do Porto transformaria radicalmente a situação em Portugal. A pressão sobre Dom João VI aumentou, e sua volta a Lisboa, em 1821, representou o início do fim da tentativa de retorno do Brasil à condição de mera colônia. A ruptura se aproximava — e a Maçonaria, silenciosa e resiliente, fazia parte dessa grande transição.
A efeméride de 30 de março mostra como a Maçonaria foi — e continua sendo — um espaço de resistência, de transformação e de luta por liberdade. Por trás das datas e decretos, encontram-se homens dispostos a construir um mundo melhor, ainda que enfrentando perseguições e incompreensões. Que essas memórias nos inspirem a continuar a obra que eles começaram.
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