A Revolução Pernambucana de 1817: O Papel dos Maçons no Levante pela Liberdade



Da Redação 

No dia 6 de março de 1817, Pernambuco tornou-se o epicentro de um dos mais marcantes movimentos revolucionários do Brasil colonial: a Revolução Pernambucana, também chamada de Revolução dos Padres ou Revolução Clerical-Maçônica de 1817. Este levante, de caráter republicano e separatista, foi conduzido por líderes pertencentes a diversos segmentos da sociedade, incluindo militares, intelectuais, religiosos e, notadamente, maçons. O objetivo central era romper com o domínio português e instaurar um governo republicano, em resposta à opressão, ao autoritarismo e à exploração econômica imposta pela Coroa.

Os Fatores que Levaram à Revolta

A Revolução de 1817 não foi um evento isolado, mas sim o ápice de uma crescente insatisfação em Pernambuco e em outras partes do Brasil. Entre as causas que alimentaram o desejo de emancipação, destacam-se:

A crise econômica e social – A exploração dos recursos do Nordeste pelo governo colonial gerava uma concentração de riqueza nas mãos de poucos e uma população empobrecida, composta por comerciantes, artesãos e produtores agrícolas que enfrentavam graves dificuldades financeiras.

A influência das ideias iluministas e da Revolução Francesa – O pensamento liberal e republicano havia se espalhado pelas elites intelectuais brasileiras, especialmente por meio dos maçons e dos sacerdotes ilustrados, que defendiam a liberdade, a igualdade e a fraternidade.

A presença de um clero engajado – Diferentemente de outros movimentos revolucionários, a Revolução Pernambucana contou com forte participação do clero, representado por padres que, além de lideranças espirituais, também eram entusiastas dos ideais republicanos e nacionalistas.

A atuação das lojas maçônicas – A Maçonaria, já consolidada como uma força política nos bastidores, foi essencial na articulação da revolta. Vários de seus membros participaram ativamente do movimento, promovendo reuniões secretas e organizando estratégias para enfrentar o governo colonial.

A Eclosão Prematura da Revolução

Originalmente planejada para eclodir no dia 5 de abril, durante as celebrações da Páscoa, a revolução teve início de forma inesperada em 6 de março de 1817. O estopim do levante ocorreu quando o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, alertado sobre o complô republicano, ordenou a prisão de onze suspeitos. Entre eles, estavam cinco maçons que tiveram papel decisivo na revolta:

Domingos José Martins (maçom) – Um dos principais articuladores do movimento, responsável por buscar apoio e recursos para a revolução.

Antônio Gonçalves da Cruz, o “Cabugá” (maçom) – Figura-chave no contato com governos estrangeiros para angariar suporte internacional.

Padre João Ribeiro (maçom) – Um dos líderes ideológicos da revolução, conhecido por seu discurso messiânico e fervor republicano.

Capitão Domingos Teotônio Jorge (maçom) – Militar que aderiu à revolta e ajudou na sua organização tática.

Capitão José de Barros Lima, o “Leão Coroado” (maçom) – Figura central do levante, foi ele quem desencadeou a revolução ao resistir à prisão e assassinar o brigadeiro português encarregado de capturá-lo.

A resistência de Leão Coroado, ao invés de conter os revolucionários, inflamou ainda mais os ânimos e levou à tomada de poder em Pernambuco, estabelecendo um governo republicano provisório.

O Governo Revolucionário e Sua Queda

Com a rápida adesão de tropas e civis, os revolucionários conseguiram expulsar as forças coloniais da capital, proclamando uma República Independente de Pernambuco. O governo revolucionário aboliu alguns impostos abusivos, declarou liberdade de culto e tentou buscar o apoio de outras províncias, como Bahia, Paraíba e Ceará.

No entanto, a resistência luso-brasileira não demorou a reagir. Tropas enviadas pelo Rio de Janeiro e pela Bahia organizaram um cerco a Pernambuco. Sem apoio externo e enfrentando divisões internas, os revolucionários foram derrotados em poucos meses.

O Fim Trágico dos Líderes Revolucionários

A repressão foi brutal. Muitos dos líderes revolucionários, incluindo os maçons, foram capturados e condenados à morte ou ao exílio. Domingos José Martins, um dos principais articuladores do movimento, foi executado. Padre João Ribeiro preferiu tirar a própria vida antes de ser preso. Outros líderes, como Antônio Gonçalves da Cruz e Leão Coroado, foram perseguidos e mortos, tornando-se mártires da causa republicana.

O Legado Maçônico da Revolução de 1817

A Revolução Pernambucana de 1817 foi um dos primeiros e mais significativos levantes republicanos da história do Brasil. Apesar da sua derrota, ela demonstrou a força do ideal republicano e influenciou movimentos posteriores, como a Confederação do Equador (1824) e, mais tarde, a própria Proclamação da República (1889).

A participação dos maçons no movimento evidencia o papel ativo da Maçonaria na luta pela liberdade e autodeterminação no Brasil. Muitos de seus princípios – como a defesa da igualdade, da justiça e da fraternidade – ecoaram ao longo da história republicana do país, consolidando a instituição como um dos pilares das revoluções que buscavam romper com o jugo colonial e monárquico.

A Revolução de 1817, portanto, não foi apenas uma insurreição fracassada, mas um marco na luta pela construção de um Brasil livre e soberano, no qual a Maçonaria teve um papel fundamental.

 Pesquisa: Luiz Sérgio Castro

 

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