O
Contexto Histórico
Para a maioria dos maçons, a história da
Maçonaria moderna começa em 1717. Este ano é celebrado como o momento em que
quatro lojas maçônicas em Londres se uniram na taverna Goose and Gridiron e
elegeram um Grão-Mestre, estabelecendo assim a Grande Loja de Londres. Esta
narrativa tem sido um ponto de referência crucial, especialmente ao comemorar
os 300 anos da Maçonaria em 2017.
No entanto, a clareza dessa história começou
a ser questionada em setembro de 2016, quando dois pesquisadores influentes
apresentaram uma nova perspectiva. Susan Mitchell Sommers, historiadora e
editora-chefe da revista Estudos sobre
Maçonaria e Fraternalismo, e Andrew Prescott, um prestigiado maçonólogo
britânico, trouxeram à tona evidências que poderiam mudar a compreensão
tradicional da fundação da Maçonaria.
A Nova
Perspectiva
Segundo Sommers e Prescott, a data de 1717
pode ser imprecisa. Ambos os estudiosos se baseiam em análises das notas do
Reverendo James Anderson, autor das Constituições da Maçonaria. Eles apontam
que a primeira menção à criação da Grande Loja não aparece na primeira edição
das Constituições de Anderson, publicada em 1723, mas sim na segunda edição de
1738, vinte anos após os supostos eventos e perto da morte de Anderson.
Além disso, uma comunicação de Charles A.
Sankey analisada por Sommers e Prescott revela que, no verão de 1716, quatro
lojas maçônicas em Londres se reuniram na taverna El Manzano e concordaram em
realizar uma festa anual. Foi apenas em 24 de junho de 1717 que esses membros
se reuniram novamente na taverna Goose and Gridiron para eleger um Grão-Mestre,
mas isso pode não ter significado a criação formal da Grande Loja como se
acreditava.
A
Polêmica das Fontes
Prescott destaca que Anderson, em seus
escritos, não utilizou fontes completamente confiáveis e, em algumas ocasiões,
tomou liberdades criativas ao narrar a história da Maçonaria. Esse ponto é
crucial, pois levanta dúvidas sobre a autenticidade da fundação da Grande Loja
em 1717.
A Data
de 1721
Susan Sommers e Andrew Prescott sugerem que a
data mais apropriada para marcar o início da Maçonaria moderna seria 1721. Este
é o ano em que a placa do Secretariado da Loja de Antiguidades menciona, pela
primeira vez, a celebração de um Convento Maçônico e a instalação do Duque de
Montague como Grão-Mestre. Prescott vai além ao afirmar que as reuniões entre
1717 e 1721 foram, na verdade, meras reuniões gastronômicas, sem o peso
institucional que se atribui tradicionalmente a elas.
Reflexões
Finais
O debate sobre a verdadeira data de fundação
da Maçonaria moderna continua aberto e provavelmente continuará a ser um tema
de discussão entre os estudiosos e os próprios maçons. O que é claro é que a
história da Maçonaria é rica e complexa, e revisitar suas origens com um olhar
crítico é essencial para compreender melhor sua evolução e significado ao longo
dos séculos.
As comunicações de Susan Sommers e Andrew
Prescott, compiladas na publicação Reflexões sobre 300 anos de Maçonaria,
são um convite à reflexão sobre os fundamentos da Maçonaria e sobre como a
história é interpretada e registrada. Independentemente de 1717 ou 1721 ser o
verdadeiro ano de fundação, a Maçonaria continua a ser uma fraternidade com uma
rica herança cultural e histórica, cuja influência se estende muito além das datas
e controvérsias.
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