*O Silêncio é o Melhor Discurso*

Por Sérgio Quirino

Há alguns Ritos Maçônicos que prescrevem que Aprendizes e Companheiros não se manifestam durante as Sessões. Me causa calafrios, mas isto faz parte do Rito e devemos respeitar, outros exacerbam, acham ser absurdo, alegando que somos todos iguais e que a cor do avental não pode suprimir a oportunidade de um orador nato. Existem, até mesmo, aqueles que alegam a liberdade de expressão garantida pela Constituição. Asnos também usam a liberdade de expressão e zurram quando querem e acham que podem.

A não manifestação prescrita nesses Rituais é chamada Silêncio Obsequioso, um exercício ritualístico salutar de não se manifestar, por não ter certeza se o que lhe é apresentado é um fato ou uma versão. Tal atividade, pretende ao passo que procura desenvolver o senso crítico, proteger aqueles que possam estar sendo conduzidos pelos caminhos escabrosos dos interesses alheios.

Ademais, alguns ritos e procedimentos postulam que as deliberações/manifestações devam ser apenas de Mestres Maçons, em virtude de eles terem conhecimentos de dados e passagens anteriores ao que será tratado e poderão trazer o contraditório. Mas muitas das vezes são eles os arautos dos destemperos.

Consideremos hipoteticamente um questionamento sobre a direção da Loja. Para além da questão em si, há o tempo do ocorrido. Por que será que o questionamento se dá naquele momento? Será que o problema é da gestão ou ela está resolvendo um problema de gestões antigas?

Nesse sentido, alegar desconhecimento de realidades apresentadas em documentos sugere incompetência ou conivência, e o pior: total desrespeito ao grupo, à Loja, à Instituição e aos valores da Ordem.

Logo, o silêncio é condição sine qua non para avaliar a real possibilidade de uma promessa tornar-se realidade. No silêncio, podemos ouvir o intelecto a questionar: “Por não foi feito anteriormente?”, “Há real embasamento legal que garanta o cumprimento do ‘eu farei’?”, “E quando podia, por que não fez?”.

O silêncio é espaço aberto na mente, a fim de recordar processos de tempos passados que chocariam aqueles ainda em tenra idade maçônica. Se, por um lado, esses ritos prescrevem o silêncio nas Colunas da Força e da Beleza, há a máxima de Eurípides: “O silêncio é a melhor resposta da verdadeira sabedoria”.

Pode haver silêncio em ambas as colunas, mas nunca há no altar.

O oposto do silêncio não é o trovoante, é o trabalho.

Ação ensurdecedora diante das falácias.

Há no Livro da Lei importantes instruções. Não devemos nos alvoraçar no uso das palavras. Aos Grandes Mestres, detentores da plenitude maçônica, sugiro Eclesiastes 5:2-3: “Não seja precipitado de lábios, nem apressado de coração para fazer promessas diante de Deus. Deus está nos céus, e você está na terra, por isso, fale pouco. Das muitas ocupações brotam sonhos; do muito falar nasce a prosa vã do tolo”.

Aos que se indignam com o que ouvem, lembrem-se de que meus Irmãos, como tal me conhecem, honrar-me-ão e de forma secreta e silenciosa darão a resposta.

Para aqueles que, de forma consciente, estão em eterno aprendizado e assumem com constância a missão de compartilhar, sugiro a reflexão sobre Eclesiastes 3:7: “há tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar”.

2024, há 18 anos compartilho instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permaneço neste propósito para provocar a reflexão dos Obreiros sobre nossa Ordem. São visões pessoais, não são verdades absolutas, questione sempre o que lê. A verdade é aquilo que conseguimos vivenciar.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente

Sérgio Quirino

Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024



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