Há alguns Ritos Maçônicos que prescrevem
que Aprendizes e Companheiros não se manifestam durante as Sessões. Me causa
calafrios, mas isto faz parte do Rito e devemos respeitar, outros exacerbam,
acham ser absurdo, alegando que somos todos iguais e que a cor do avental não
pode suprimir a oportunidade de um orador nato. Existem, até mesmo, aqueles que
alegam a liberdade de expressão garantida pela Constituição. Asnos também usam
a liberdade de expressão e zurram quando querem e acham que podem.
A não manifestação prescrita nesses
Rituais é chamada Silêncio Obsequioso, um exercício ritualístico salutar de não
se manifestar, por não ter certeza se o que lhe é apresentado é um fato ou uma
versão. Tal atividade, pretende ao passo que procura desenvolver o senso crítico,
proteger aqueles que possam estar sendo conduzidos pelos caminhos escabrosos
dos interesses alheios.
Ademais, alguns ritos e procedimentos
postulam que as deliberações/manifestações devam ser apenas de Mestres Maçons,
em virtude de eles terem conhecimentos de dados e passagens anteriores ao que
será tratado e poderão trazer o contraditório. Mas muitas das vezes são eles os
arautos dos destemperos.
Consideremos hipoteticamente um
questionamento sobre a direção da Loja. Para além da questão em si, há o tempo
do ocorrido. Por que será que o questionamento se dá naquele momento? Será que
o problema é da gestão ou ela está resolvendo um problema de gestões antigas?
Nesse sentido, alegar desconhecimento de
realidades apresentadas em documentos sugere incompetência ou conivência, e o
pior: total desrespeito ao grupo, à Loja, à Instituição e aos valores da Ordem.
Logo, o silêncio é condição sine qua non
para avaliar a real possibilidade de uma promessa tornar-se realidade. No
silêncio, podemos ouvir o intelecto a questionar: “Por não foi feito
anteriormente?”, “Há real embasamento legal que garanta o cumprimento do ‘eu
farei’?”, “E quando podia, por que não fez?”.
O silêncio é espaço aberto na mente, a
fim de recordar processos de tempos passados que chocariam aqueles ainda em
tenra idade maçônica. Se, por um lado, esses ritos prescrevem o silêncio nas
Colunas da Força e da Beleza, há a máxima de Eurípides: “O silêncio é a melhor
resposta da verdadeira sabedoria”.
Pode
haver silêncio em ambas as colunas, mas nunca há no altar.
O oposto
do silêncio não é o trovoante, é o trabalho.
Ação
ensurdecedora diante das falácias.
Há no Livro da Lei importantes
instruções. Não devemos nos alvoraçar no uso das palavras. Aos Grandes Mestres,
detentores da plenitude maçônica, sugiro Eclesiastes 5:2-3: “Não seja
precipitado de lábios, nem apressado de coração para fazer promessas diante de
Deus. Deus está nos céus, e você está na terra, por isso, fale pouco. Das
muitas ocupações brotam sonhos; do muito falar nasce a prosa vã do tolo”.
Aos que se indignam com o que ouvem,
lembrem-se de que meus Irmãos, como tal me conhecem, honrar-me-ão e de forma
secreta e silenciosa darão a resposta.
Para aqueles que, de forma consciente,
estão em eterno aprendizado e assumem com constância a missão de compartilhar,
sugiro a reflexão sobre Eclesiastes 3:7: “há tempo de rasgar e tempo de
costurar, tempo de calar e tempo de falar”.
2024, há 18 anos compartilho instruções
maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permaneço neste
propósito para provocar a reflexão dos Obreiros sobre nossa Ordem. São visões
pessoais, não são verdades absolutas, questione sempre o que lê. A verdade é
aquilo que conseguimos vivenciar.
Sinto muito, me perdoe, sou grato, te
amo. Vamos em Frente!
Fraternalmente
Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024
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