Da Redação
Em um dos mais curiosos e marcantes eventos da história do século XIX, o dia 19 de abril de 1897 entrou para os anais como o momento em que a verdade emergiu das sombras da mentira e da intriga. Neste dia, na Sociedade Geográfica de Paris, um homem chamado Gabriel Antoine Jogand Pagès, mais conhecido como Leo Taxil, confessou publicamente o que muitos já suspeitavam: sua criação engenhosa e malévola da Ordem Paládio, uma suposta sociedade maçônica satânica.
Leo Taxil, uma figura controversa desde
o início de sua jornada, teve um encontro efêmero com a Maçonaria. Iniciado,
mas rapidamente expulso da Ordem, ele mergulhou em um mar de ressentimento e
vingança. O resultado de sua mágoa foi a invenção da Ordem Paládio, uma
conspiração fictícia com o propósito sombrio de dominar o mundo.
A imaginação fértil de Taxil deu à luz a
figura enigmática de Miss Diana Vaughan, suposta alta sacerdotisa da Ordem
Paládio. Ele habilmente construiu uma narrativa em torno dela, tecendo uma teia
de mistério e terror que capturou a imaginação de muitos. Até mesmo a Igreja
Católica, desconfiada e temerosa, acabou caindo na trama de Taxil. O Papa Leão
XIII concedeu-lhe uma audiência em 1887, solidificando inadvertidamente a
credibilidade de suas alegações.
Assim, Baphomet, uma figura enigmática
que tem origens históricas complexas, foi indevidamente associado à Maçonaria.
A ignorância e o medo alimentaram essa conexão errônea, levando muitos a
acreditar, mesmo nos dias de hoje, que a Maçonaria é uma ordem satânica.
O ápice dessa saga ocorreu em 19 de abril
de 1897, durante uma conferência realizada na Sociedade Geográfica de Paris.
Taxil, diante de uma audiência ávida e diversificada, confessou sua artimanha
de doze anos. Ele admitiu ter perpetuado uma farsa elaborada, manipulando a
Igreja e o público em geral. A notícia espalhou-se rapidamente pela imprensa da
época, ecoando em toda parte.
Na sala da Sociedade Geográfica, o
público reunido para ouvir Taxil era heterogêneo: jornalistas de diferentes
países, sacerdotes, senhoras respeitáveis, livre-pensadores e maçons. Até mesmo
a Nunciatura e o Arcebispado enviaram representantes. A mistificação de Taxil
havia atraído uma audiência eclética, sedenta por revelações.
Ao admitir sua fraude, Leo Taxil não
apenas revelou a inexistência da Ordem Paládio, mas também lançou luz sobre a
natureza da credulidade humana e o perigo das teorias conspiratórias
infundadas. Seu ato de confissão marcou o fim de uma era de engano e paranoia,
e o início de uma era de esclarecimento e discernimento.
Assim, o dia 19 de abril de 1897
permanece como um lembrete vívido da fragilidade da verdade e da importância da
vigilância intelectual contra as artimanhas da desinformação. Leo Taxil, um mestre
da ilusão, foi finalmente desmascarado, deixando para trás um legado de engano
e redenção que ecoa até os dias de hoje.
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