QUADRO DE LOJA NO R.E.A.A



Um dos símbolos que tem verdadeira preponderância nas pesquisas sobre o Grau de Aprendiz Maçom no Rito Escocês Antigo e Aceite é sem dúvida o Quadro de Loja.

Existem algumas teorias interessantes sobre as origens dos Quadros de Loja, conhecidos em inglês como Tracing Boards e em francês como Tableaux de Loge. O I Francês Roger Dachez, reconhecido por sua pesquisa a nível acadêmico sobre a Maçonaria, no seu trabalho de pesquisa chamado “Tracer le Tableau de Loge?” (Traçar o Quadro de Loja?) diz-nos que “a sua verdadeira origem é muito difícil de determinar como o é de muitos dos símbolos maçônicos, já que as referências mais abundantes em relação a esta iconografia, aparecem em meados e finais dos anos de 1730 e inícios de 1740, sendo estes desconhecidos e inexistentes nos textos Normativos, Divulgativos, Regulamentares e Catecismos Escoceses entre 1696 e 1715“.

Do ponto de vista operativo, pretende-se que a Quadro de Loja seja a evolução moderna das Tabelas, Cavaletes ou suportes medievais nos quais o Mestre da Obra trabalhava os seus planos de construção. Por outro lado, o I R. Meekren, no volume de A.Q.C. nº. 61 escrito em 1948, apresenta uma teoria mais interessante sobre as origens dos Quadros de Loja:

“Se tomarmos a tradição insistente e universal entre os maçons de que as Lojas – em algum tempo vago no passado longínquo – se formavam ao ar livre, no alto de uma montanha ou em algum vale profundo (…) o traçado que delimitava o espaço daquela reunião ao ar livre, poderia ter sido convertido na forma da Loja, no Quadro de Loja“.

O que sabemos com certeza é que a partir de 1740 em França e em Inglaterra, a documentação sobre o Quadro de Loja é abundante, extensa e sobretudo diferente em cada Rito.

O traçado do Quadro de Loja é e tem sido, uma tradição fundamental que tem as suas origens desde os Antigos Maçons Operativos. A prerrogativa era exclusiva para os Mestres, que faziam os traços do Plano do Trabalho, com giz, carvão ou gesso no chão e posteriormente em Placas de Ardósia ou Cavaletes, com o objetivo de que as tarefas na Obra fossem corretamente expressas numa Matriz da Loja Primitiva ou Celestial.

O traçado do Quadro de Loja constitui um elemento indispensável para a Abertura e o desenvolvimento ritualístico dos trabalhos do R E A A, já que a sua presença estabelece o Influxus Spiritualis (Influência Espiritual) dos símbolos da Ars Regia (Arte Real), Ars Tectônic (Arte Tectônica) e Ars Sacerdotalis (Arte Sacerdotal) aí expressa; definindo o Spatium Sacrum (Espaço Sagrado) através do Logos (Verbo Manifesto) da Architecturae Sacrae (Arquitectura Sagrada), despertando nos irmãos se reuniram, a ideia do Simbolismo Construtivo do Ser Humano numa linguagem encriptada (criptografia).

O traçado do Quadro de Loja renova e recorda o simbolismo fundamental referente à instrução no Caminho Iniciático para cada um dos Três Graus Azuis ou “Simbólicos”.

A sua localização central na Loja, exibe os principais símbolos devem decorar a Loja nos Graus de Aprendiz, Companheiro e até na Câmara do Meio dos Mestres Maçons.

O I Experto dobra-se sobre o joelho direito e com um giz branco, faz os traços que correspondem a cada Grau, no fundo negro da Prancha de Traçar.

Analogamente ao traçado do Quadro de Loja da Maçonaria de Tradição Operacional, existe o uso de gravuras em tecido e tabelas ou placas de loja impressas, que são utilizáveis ​​na Tradição

Especulativa. Segundo o I Yasha Beresiner nas suas Masonic Tracing Boards (Pranchas de Traçar Maçônicas), as primeiras oito e mais importantes gravuras conhecidas, são assinadas pelo alemão Reigens, cujo nome aparece no topo delas e que foram publicadas pela primeira vez em 1746. Estas foram atribuídas erradamente na Assemblée de Nouveaux Franc-maçons (Nova Assembleia de Franco-maçons) ao autor francês anti maçom Louis Travenol, que era mais conhecido pelo pseudônimo Leonard Gabanon. Estas gravuras são as primeiras representações artísticas disponíveis que mostram a posição do Modelo Ideal do Templo Maçônico no centro dele. Neles, os irmãos são mostrados com aventais e chapéus, em pé e em volta de uma tela decorada com numerosos símbolos maçônicos.

Estas ilustrações artísticas geralmente explicam os aspectos de nossos Rituais, que não foram preservados por palavras escritas, mas sim transmitidos oralmente, graficamente e directamente. Muitos dos primeiros desenhos gravados em tela ou na Prancha de Traçar eram sempre feitos pelo Tiler ou Tyler. A palavra ladrilhador vem do francês tailleur “cortador” e, consequentemente, é chamado Tuilleur em francês e Tyler ou Tiler em inglês. Em latim tegere “telhador”, significa na Loja de Arte Operativa; o Irmão artesão que cobre com telhas e fecha a construção, escondendo o interior e sendo o guardião dele. É na Maçonaria Especulativa, o que conhecemos como o Irmão Cobridor, Guarda Interno ou Guardião do Templo.

Na implementação do Quadro de Loja, o próprio irmão Beresiner da Loja de Pesquisa A.Q.C. 20176 de Londres diz:

“Os primitivos desenhos no piso feitos pelo Tyler (G T) deixavam muito a desejar. Entre a má qualidade dos símbolos utilizados, e a confiança no talento e dedicação do Tyler (G T), os Irmãos contemporâneos começaram a temer que estranhos pudessem reconstruir os detalhes dos desenhos apagados. Isto levou aos primeiros traçados em tecido com a delimitação de desenhos de símbolos e emblemas”.

Em 1725 um divulgação anónima Maçónica intitulada “Diálogo entre Simon e Felipe”, refere-se ao uso Quadros de Loja desenhadas com materiais diferentes do pano: os desenhos no solo são descritos como “emblemas de prata ou estanho muito fino localizado na posição da Loja”. Daí a ideia de usar no chão, tecidos mais duráveis, em vez de desenhos simples no chão ou gravações em estanho. Agora, os emblemas eram permanentemente fabricados com mais arte do que a que Tyler (G .: T) poderia ter conseguido. Em cada reunião, o Quadro de Loja estampado em tecido sobre o chão, era desenrolada diante do Venerável Mestre, que no final o guardava.

Várias dissertações foram ilustradas com pinturas francesas, que mostram o plano do Templo da Loja, que muitas vezes são decorados com uma infinidade de emblemas e símbolos. Estas gravuras em tecido derivam das práticas enquanto Usos e Costumes das Lojas Francesas do momento, além de serem a fonte das Pinturas que se seguiram depois, em evolução..

CONCLUSÕES

Durante o Rito da Abertura dos Trabalhos, o Irmão Experto traça ou estende no centro do Templo o chamado ” Quadro de Loja “, bem no meio do tapete quadrangular do Pavimento de Mosaicos de proporções 3-4-5 e delimitada pelos Três Pilares do Templo (as Três Luzes Menores) Sabedoria, Força e Beleza. Por sua vez, o Encerramento dos Trabalhos ocorre instantes após o Quadro de Loja ser apagado ou recolhido.

O acto ritualístico de desenho ou colocação do Quadro de Loja constitui essencialmente a sacralização do Templo, no Ritual de cada um dos Graus Azuis chamado “Simbólico”. Constitui o terceiro plano; o material, a ser executado e o primeiro a ser removido.

O Quadro de Loja também é conhecido como a Prancha de Traçar, quando o irmão Experto que é um Mestre Maçom, desenha os elementos simbólicos de estudo e investigação do simbolismo essencial para cada grau.

O Quadro de Loja inclui uma síntese visual de formas geométricas que impregna a memória do Maçom, o que faz com que o processo de reconhecimento dos elementos simbólicos seja cada vez mais eficaz.

O ensino Iniciático inclui o conjunto de símbolos que englobados num Espaço Sacralizado, forme uma verdadeira transmissão de uma Influência Espiritual; Recordando que cada símbolo dentro deste grande emblema tem um duplo aspecto de instrução, Moral e Espiritual.


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