PROCESSO DOS TEMPLÁRIOS: O MAIOR JULGAMENTO DA IDADE MÉDIA


Por Vitor Manuel Adrião
Durante o julgamento dos templários em França, nos finais do primeiro decénio e inícios do segundo do século XIV, as acusações contra eles foram lidas em pormenor. As acusações primitivas do mandato de Maubuisson perpetrado por Guillaume Nogaret a mando de Filipe IV, tinham sido que os templários negavam Cristo e cuspiam na Sua imagem; trocavam beijos obscenos e entregavam-se a práticas homossexuais; adoravam um ídolo estranho identificado ao Príncipe das Trevas: seria uma caveira, ou um bode ou um busto chifrudo, ou talvez uma mistura inextrincável de tudo isso, pois não se sabia o que era… porque nunca alguém o vira, mas tal seria justificado por os templários o esconderem das vistas estranhas à Ordem. Agora, no Processo de Paris, os templários já não enfrentavam três mas sim sete grupos de acusações, especificadas em cento e vinte e sete artigos. Os grupos eram os seguintes:

Primeiro, e mais importante, a negação de Cristo. Ao ser recebido um novo templário, era obrigado a renunciar à sua crença na divindade de Cristo e a aceitar que Cristo não era o Salvador, mas sim um falso profeta crucificado pelos seus próprios pecados. O novo irmão tinha depois que aviltar o crucifixo, cuspindo-lhe, urinando-lhe em cima e pisando-o aos seus pés. Todas as outras acusações tinham nessa o seu fundamento. Segundo, os templários eram idólatras. O seu ídolo era um gato preto, ou um bode negro ou um crânio com poderes mágicos. O crânio podia responder a perguntas; proporcionava a riqueza dos templários e destruía os seus inimigos, e cada irmão tinha de usar à volta da cintura uma corda que havia sido amarrada ou enrolada ao tal ídolo. Cada irmão ficava assim magicamente ligado ao ídolo, compartilhando o seu poder e subserviente a ele. O terceiro grupo de acusações abrangia diferentes aspectos da descrença dos templários. Em virtude de Cristo não ser o Messias, os sacramentos da Igreja nada significavam para eles e os seus padres não consagravam a hóstia quando celebravam a missa; a missa dos templários não passava de uma mascarada. O quarto grupo relacionava-se com a absolvição dos pecados; o Mestre do Templo e outros dirigentes ouviam confissões dos irmãos e absolviam-nos, mesmo sem terem qualificações sacerdotais para isso. Seguiam-se as obscenidades dentro da Ordem, os beijos na boca, no umbigo, no ventre, no ânus, nas nádegas e na espinha, e a homossexualidade que os irmãos recebiam ordens para aceitar. O sexto grupo era o das acusações de cupidez. A principal preocupação dos irmãos em todas as ocasiões seria o enriquecimento material da Ordem, indistintamente por meios legais ou ilegais. Sétimo e último, o secretismo da Ordem era considerado criminoso, pois não só as recepções e reuniões do Capítulo efetuavam-se em salas guardadas e com as portas e janelas fechadas à chave e tapadas, como também qualquer irmão que revelasse os segredos do Templo era encarcerado ou assassinado[1]. LEIA MAIS




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