Por
Magali Aime - Tradução José Filardo
“Que surpresa quando com os olhos vendados
sou conduzido ao pé do altar dos juramentos. Eu me interrogo. Por que um altar,
enquanto a Maçonaria é secular e permite a cada uma a liberdade de culto? Será
que fiz a escolha certa? Pode ser que eu tenha me enganado? Eu, nascido em uma
família ateia, senti-me de repente, em uma armadilha! ” conta Philippe. Ele
descobriu, é claro, respostas às suas perguntas depois de ser maçom por quase
trinta anos! É verdade que no dia da iniciação, frases, palavras, gestos podem
semear a dúvida e levar a se perguntar o que o futuro reserva.
Desde a Antiguidade, um altar é uma mesa
sagrada dedicada ao sacrifício, a realização de rituais, e destinado a
oferendas. De madeira ou pedra, um altar é sempre erguido em honra de … para
adorar uma divindade ou celebrar um culto. Os Iaveistas de Israel pensavam que
o altar devia ser feito de pedra bruta e se situar fora do recinto do lugar
sagrado. Entre os católicos celebra-se a missa ali. A palavra altar por
metonímia lembra Igreja, culto, clero, sacrifício. Ele se lembra do dia de sua
iniciação e conta que “então, ainda com os olhos vendados, fizeram-me me
aproximar do altar dos juramentos, a palavra altar realmente não me foi dita.
Eu apenas sentia o aspecto sagrado da minha ação. Pois para mim, aproximar-me
de um altar continua a ser um ato sagrado, um sentimento certamente devido à
minha educação religiosa! Nesse caso, sobre o altar das lojas maçônicas nenhum
sacrifício é celebrado no sentido religioso do termo.
E o juramento?
Para o dicionário Larousse, um juramento é “a
afirmação solene de alguém para atestar a verdade de um fato, a sinceridade de
uma promessa, o compromisso de cumprir os deveres do seu cargo. ”
Os maçons compreendem rapidamente que o
juramento é de suma importância na sua ação. Mas no dia da iniciação, talvez
não perceba imediatamente a tríade que ele implica: o propósito do juramento,
as testemunhas desse juramento e a pena que seu desrespeito o sujeitará. Se
hoje é a expressão “compromisso sobre a honra” é menos utilizada, ele mantém um
valor muito alto. Jean-Michel, entretanto, nos diz que “a palavra juramento me
impressionou muito. O que eu ia assumir, que juramento eu ia fazer? Uma
inquietude me invade e levei algum tempo para entender que este juramento liga
infalivelmente o novo iniciado à Maçonaria Universal. Ele representa aos meus
olhos a promessa feita a si mesmo, o respeito à lei do silêncio e a divisão
entre o homem profano e o iniciado”.
O altar dos juramentos
Durante a abertura dos trabalhos, é habitual
e consistente com a tradição ver o esperto, um oficial da loja, colocar
ritualmente as três grandes luzes sobre o altar dos juramentos: o esquadro, o
compasso e o livro da Lei sagrada ou a Declaração de princípios. De acordo com
o ritual, o altar não se situa sempre no mesmo lugar. Ele pode estar sobre o
Oriente e se torna então “o altar do venerável”, ou ao pé dos três degraus ou,
ainda, no meio do templo. Mas, independentemente da sua localização, é sempre
ali que o maçom presta os juramentos próprios de seu caminho de busca. A partir
de sua iniciação, muitas vezes ele será conduzido diante o altar dos
juramentos, especialmente em sua passagem de grau ou sua instalação no Oriente.
Cada rito tem seu ritual onde juramentos ou obrigações serão prestados.
“Só depois de um ano de aprendizado que eu
percebi a importância das obrigações que eu tinha assumido diante do altar dos
juramentos. Um desafio para mim. Serei capaz de solidariedade, de fraternidade,
de justiça, de devoção ao meu país, à minha família, de apoio aos mais fracos,
de respeitar o segredo maçônico e defender o secularismo? Verdadeiros desafios.
Felizmente avançamos juntos apoiados uns aos outros por nossa cadeia de união
por meio da fé e da esperança que nos ajudam a progredir. A Maçonaria é para
mim uma aventura rica e maravilhosa, mesmo que ela exija bastante esforço. ”
A Ken Follett, romancista, de quem podemos
nos perguntar se ele não seria um filho da viúva, vamos deixar a palavra final:
“Prestar juramento é colocar sua alma em perigo. Nunca faça um juramento, a
menos que seja capaz de morrer a cometer perjúrio”.
Fonte: Bibliot3ca
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