Por Ir.'. Nuno Raimundo (*)
A
forma habitual de tratamento entre maçons é por "Irmãos". Irmão
porque a Maçonaria é uma fraternidade, logo traduzido literalmente
"fraternidade" por "irmandade", sendo os
"fraters", "irmãos" entre si.
Todavia,
mesmo não sendo irmãos de sangue - que os há! - e inclusive de
não fazerem parte da mesma família sanguínea ou por adoção, os maçons
sentem-se como tal, como membros integrantes e plenos de uma "família
universal". E daqui vem o seu espírito de corpo (de
corporação, de corporativismo).
E
aproveitando este termo também, porque a Maçonaria atual tem as suas origens
nas corporações medievais de pedreiros e artificies que trabalhavam na
construção civil à época onde nas quais os seus membros se sentiam também como
irmãos por partilharem o mesmo ofício e os seus mistérios...
Enquanto
os "construtores de catedrais" trabalhavam efetivamente a pedra em
si, os atuais maçons laboram a "pedra" de uma forma espiritual, ou
seja, trabalham no sentido de aprimorar a sua conduta e forma de estar,
tentando modificar o seu "íntimo", por forma a que consigam honrar o
seu templo interno, o seu corpo, a sua "alma", tentando ao mesmo
tempo e através da sua ação na sociedade, promover a evolução desta.
Este
tipo de tratamento "de irmãos" feito pelos maçons, facilita o
relacionamento e o seu contato entre si, porque como a Maçonaria está
presente por todo o globo terrestre, esta forma de tratamento
quebra "barreiras" que não têm de existir entre irmãos, membros
de uma mesma "família/grémio/fraternidade".
Este
sentimento fraterno que é sentido pelos membros da Maçonaria é uma espécie
de cimento que os une, independentemente da sua idade, das suas
origens, estratos sociais e económicos.
O
facto de se considerarem como "irmãos" menospreza determinados
pormenores, mesmo que profanos, que habitualmente poderiam suscitar algum tipo
de divisão ou de querela entre pessoas de bem, no que toca a temas
fraturantes na Sociedade, nomeadamente no que à Política e à Religião
dizem respeito.
Cada
um respeita e faz por respeitar as ideias e convicções do seu semelhante, mesmo
que adversas ou contrárias às suas ideias pessoais.
A
própria Maçonaria Regular no seio das suas sessões proíbe a discussão de temas
onde a política partidária ou o proselitismo religioso sejam por demais
evidentes.
No
entanto e importa ressalvar que, mesmo apesar de se considerarem Irmãos,
infelizmente nem sempre as coisas decorrem às "mil maravilhas", pois
se até nas "melhores famílias" existem desavenças, a Maçonaria também
não é imune a tal.
Por
mais que se tentem dar todos bem, por vezes o ego de alguns se sobrepõe ao
sentido de fraternidade e ao espírito de corpo que abordei anteriormente,
e quando isso acontece, na maioria das vezes acontece uma separação,
uma divisão, que não trará nada de bom para ninguém. Porque uns rumarão a
"novas paragens" com as dificuldades que se sabem existir quando se
tenta recomeçar do zero, e os que ficam, acabam por ter de "limpar os
cacos" e prosseguir no seu labor constante, de forma perseverante e
altruísta.
Quando
existem cisões na Maçonaria, elas deixam marcas por muito tempo, cabendo ao
Tempo as sanar, porque aquilo que deve estar junto, nunca deveria estar
disperso...
-Um
Irmão será sempre um irmão, independentemente do caminho que decida seguir...-.
Concluindo,
quando existe um sentimento de amor fraternal que una alguém a alguém,
esta sensação modifica os seus interlocutores, amenizando a maioria dos
potenciais conflitos que poderão existir, facilitando o seu relacionamento (entre
iguais) e impele a um auxílio ao próximo que de outra forma não
seria, porventura, feito.
Enfim,
tudo aquilo que se espera sentir e vivenciar entre irmãos "normais" é
sentido e vivido entre maçons; mesmo que se tenham conhecido no próprio dia ou
que já tenham uma relação de vários anos.
-
Um mano é sempre um mano ! -
O Ir.'.Nuno Raimundo é membro da RL Mestre Affonso Domingues - Lisboa - Portugal
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