por
Sir-Knight A. French
"A Maçonaria é muitas coisas para muitas pessoas diferentes. Tem sido desta forma por muitos, muitos anos. À semelhança da evolução da sociedade, a chamada de civilização humana, que tem visto progressos contínuos de mudança e adaptação, também a Maçonaria evoluiu. Enquanto as suas origens se mantêm – e sempre se mantiveram – escondidas nas brumas do tempo, os modelos contemporâneos funcionais do sistema de gruas da Obra são, na sua maior parte, rastreáveis, bem como as suas alterações."
Sir-Knight A. French
Alguns
de fato argumentam que, enquanto se considera que as nossas sociedades
progrediram, a Maçonaria desenvolveu-se a partir de um potente começo. Mas é
realmente este o caso – será que a Maçonaria se desenvolveu? Será que perdeu
alguma coisa? Se é este o caso, é este atributo perdido recuperável? E de quem
é a função de reclamar esta luz caída?
O
presente artigo tem intenção de iluminar a tarefa da Maçonaria para o futuro,
se a Obra espera continuar a ser uma força obsequiosa e divina na cultura
humana. O objetivo da missão deve ser transmitido à geração vindoura, os Maçons
mais jovens, que apenas agora estão a chegar aos portões da Maçonaria em massa,
que estão saturados em correntes esotéricas e filosóficas, com avidez de
aprender e um desejo genuíno de serem mudados. Os Maçons mais jovens, que batem
à porta da Maçonaria, buscam um tipo de luz específico – a luz que emana das
antigas escolas de mistério epifíticas – nas quais indubitavelmente a Maçonaria
tem as suas raízes. A questão mantém-se: se estes jovens encontrarão o tipo de
luz que buscam, ou em invés algum efeito prísmeo, uma luz distorcida e dobrada
sob uma miríade de pensamentos e opiniões malconduzidas. E se não a
encontrarem, será que em alternativa continuarão em frente, decidindo que a
Fraternidade não é para eles? Será razoável assumir que a Maçonaria,
especialmente na América, irá esmorecer e morrer, preservada unicamente em
museus como artigos de memorabilia antiquados, apesar de interessantes?
Não,
se a maçonaria conseguir erguer-se à altura da função que a evolução mundial
colocou à sua frente.
A
sabedoria e ensinamentos esotéricos não foram a principal motivação para que
antigos Maçons se juntassem à Fraternidade, e na América esta dificuldade foi
aumentada. De facto, o que se verificava era o contrário – os antigos Maçons
desejavam erradicar, tanto quanto possível, todos os conteúdos esotéricos e
inconvencionais, enquanto enfatizavam as atividades de caridade da Obra, mais
seguras e benéficas. É importante relembrar, no entanto, que estas ações eram
absolutamente necessárias. Isto relaciona-se com a sobrevivência da
Fraternidade.
Os
membros mais velhos da Obra, que ingressaram na Maçonaria mediante o seu
regresso da I e II Guerras Mundiais, procurando o sentimento de fraternidade e
uma extensão do seu ambiente militar, antes de alguma coisa esotérica, nunca
devem ser criticados, desprezados ou exonerados. Em contrário, deviam, em todas
as alturas, ser reverenciados, honrados e respeitados por terem carregado nas
suas costas a honorável instituição Maçônica para à frente no tempo, mesmo que
as completas implicações dos seus estudos possam ter sido perdidas neles, em
certas ocasiões. Sem o serviço à Obra, a Maçonaria teria morrido na América há
décadas atrás, atirados à lama pela vontade e agenda dos anti Maçons.
A
história informa-nos que, entre outras influências, o caso Morgan do início do
século XIX inspirou uma onde anti Maçonaria – incluindo o Partido Antimaçônico,
também conhecido como Movimento Antimaçônico, e o primeiro partido político
minoritário nos Estados Unidos – que teria, em último caso, terminado a
Maçonaria na América. O caso Morgan envolveu o desaparecimento de William
Morgan, um ianque que foi malsucedido na sua tentativa de se inscrever numa
Loja ou Capítulo Maçônico em Batávia, Nova Iorque, algures entre 1824 e 1826.
Existem teorias competitivas acerca do seu estatuto como membro, uma em que lhe
negaram admissão numa Loja, outra em que ele já era um Maçom mas foi banido
quando tentou ingressar no Capítulo dos Maçons do Arco Real. Apesar disto,
ambas as teorias sustêm que, depois de a admissão lhe ter sido negada, Morgan
ameaçou publicar os rituais da Fraternidade num livro, como forma de
retaliação. De seguida, Morgan foi dado como desaparecido, e anti Maçons
afirmaram que ele tinha sido raptado e morto por Maçons. O ulterior Partido Antimaçônico opôs-se ao presidente Andrew Jackson, um conhecido Maçom, e até teve candidatos
à presidência entre 1828 e 1832.
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Com
o escrutínio policial sobre a Maçonaria, a Fraternidade foi associada a
secretismo, violência, conspiração e outras atividades nefastas. A Obra
continuava a ter as suas proponentes, mas a exposição negativa levou a um
aumento massivo da anti Maçonaria entre americanos, e, desta forma, a Maçonaria
era frequentemente olhada com suspeita. Estes problemas políticos coincidiram
com o Segundo Grande Despertar do evangelismo protestante nos EUA, o que
estimulou muitas reformas direcionadas para corrigir os males da sociedade
antes da antecipada Segunda Vinda de Jesus Cristo. Combinando isto com o começo
das teorias conspirativas acerca da crescente corrupção política dentro das
relações internacionais, a Maçonaria encontrou-se numa situação difícil. Não
foi até às gerações de Maçons depois das Primeira e Segunda Guerras Mundiais
que a Maçonaria conseguiu limpar a sua imagem, na sua maior parte, aos olhos do
público. Por esta razão, devemos a estes homens as maiores honra e prestígio.
No
entanto, com esta mudança de foco em direção à externa, exotérica imagem da
Obra, o conteúdo esotérico foi ou perdido ou verdadeiramente suprimido em
muitos círculos da Ordem. E, com o tempo, não só muito deste conteúdo foi
ignorado, mas de facto foi completamente esquecido, tanto que os Maçons atuais
nem estavam conscientes de que algo faltava. Apesar disto, a Maçonaria cresceu
em força e número, sabedoria esotérica à parte, e as suas atividades de
caridade aumentaram substancialmente. Desta forma, podemos compreender agora de
onde o ditado “A Maçonaria é tão americana como a tarte de maçã” tem as suas
origens.
A
tarefa da Maçonaria da Modernidade, no século XXI, uma missão que é
continuamente trazida às suas portas por esses jovens de pensamento esotérico,
é o reaparecimento da sabedoria espiritual e filosófica das antigas escolas de
mistério, a fundação sobre a qual a Maçonaria foi originalmente erguida. O que é
único acerca desta tarefa é que, enquanto reaparecimento remete para algo mais
antigo ou o regresso a algo anterior, a Obra já não é secreta como foi durante
tempos anteriores, e todos os seus “segredos” e até os seus rituais podem ser
encontrados na Internet. Desta forma, mais do que um simples retorno, o
objetivo é completamente novo, um caminho que nunca foi antes percorrido – uma
mistura de esotérico e exotérico em esforço para alcançar um equilíbrio
completo e harmonioso.
Pela
primeira vez na história da iniciação esotérica, os ensinamentos esotéricos das
antigas escolas de mistério podem ser disponibilizados ao maior número de
pessoas possível, graças à imagem externa Maçônica, popularizada na cultura
Americana. Isto terá um efeito transformador no mundo. O obstáculo surge quando
estes jovens Maçons chegam às portas da Maçonaria e não encontram a luz pura
por que buscam. Várias vezes, estes membros recentes entram na Fraternidade com
mais conhecimentos acerca de conceitos esotéricos que os Maçons que os iniciam.
Eventualmente, a roda rodará, e os jovens Maçons farão mais iniciações e
operações, mas até lá, se a Maçonaria espera sobreviver e continuar a sua
carreira influenciadora, deve conceber e adaptar-se ao caráter Maçônico enquanto este é reintroduzido por jovens Maçons – tal como já se adaptou e
concebeu a necessidade de garantir a sua ulterior longevidade e boa imagem na
sociedade. A Maçonaria neste sentido é como um camaleão, alterando a sua cor
para se conciliar às necessidades atuais do ambiente em que se encontra.
Afinal
de contas, no que toca aos conhecimentos esotéricos, a Maçonaria surgiu de uma
traição de mistérios, um certo desvendar de segredos que ocorreu em violação de
juramentos e obrigações. De facto, num cenário não muito diferente daquele em
que ocorreu o caso de William Morgan. Este é um tópico acerca do qual o autor
convida o leitor a pesquisar ulteriormente.
Além
disso, por volta da altura do caso Morgan, uma conferência de iniciados
internacional foi dada para discutir o destino da humanidade e das tradições
das escolas de mistérios. Um relato desta reunião pode ser encontrado no livro
O Movimento Oculto no Século Dezanove, escrito pelo filósofo alemão e cientista
espiritual Rudolf Steiner. Steiner explica que para a humanidade sobreviver ao
ataque violento do materialismo que se aproxima e que em breve engoliria o
planeta inteiro, os ensinamentos dos antigos mistérios teriam de ser
disseminados para o público, algo que nunca antes havia sido feito. Até esse
momento, estes ensinamentos eram violentamente guardados por ordens esotéricas,
frequentemente sob penalidade de morte. Durante estas conferências
internacionais de iniciados, duas fações foram formadas – uma que se intitulava
esoteristas e outra exoteristas (embora os termos não fossem usados com o
significado normal).
Os
exoteristas queriam que estes ensinamentos dos mistérios fossem gradualmente
libertados para o público em geral, de modo a salvá-los do assalto
materialista. Os esoteristas viam isto como uma péssima opção, que tais
ensinamentos tinham sido guardados por tanto tempo por boas razões, e que
mentes impreparadas não poderiam utilizá-los ou reconhecê-los, ou, pior ainda,
poderiam usá-los para o mal.
No
final, foi encontrada uma espécie de compromisso, com os primeiros espojos de
esoterismo a chegar ao conhecimento do público na forma de espiritualismo
entusiasta do século XIX e inícios do século XX. Nós podemos encontrar mais
provas desta disseminação esotérica, enchendo as prateleiras da secção Nova Era
de qualquer livraria. É desnecessário dizer, no entanto, que esta abordagem não
foi totalmente bem-sucedida. E talvez os esoteristas tivessem um ponto de vista
válido, porque a disseminação de vários conhecimentos esotéricos levaram
eventualmente e prepararam o caminho para o nascimento do oculto Terceiro Reich
e Adolfo Hitler na Alemanha Nazi.
Contudo,
a tarefa e o papel futuro da Maçonaria é realizar o seu destino de disseminação
esotérica, mas ao serviço do bem, tornando disponíveis a sabedoria da iniciação
para o maior número de pessoas. A Maçonaria é a mais pública das universidades
esotéricas, agora ainda mais do que alguma vez no passado, e os mais jovens
buscadores-de-luz – na verdade trazedores-de-luz – chegarão às suas portas em
grande número, antes de ir a qualquer outro lugar. Assim, é da responsabilidade
da Maçonaria recebê-los da forma correta.
Em
conclusão, uma cautela será erguida contra o pensamento de que a iniciação
esotérica é o único propósito da Maçonaria, não obstante o conteúdo deste
artigo. Os mais importantes princípios da Obra são três: Amor Fraternal, Alívio
e Verdade. O Amor Fraternal, o sentimento de fraternidade procurado pelos
Maçons mais antigos sob a condição de regressarem das guerras, há muito que é
cuidado por eles, e deve continuar a ser praticado pelos Maçons mais jovens.
Alívio, na forma de atos caridosos dentro e fora da Fraternidade, também há
muito é praticado pelos antigos Maçons, que utilizaram a filantropia para que a
fraternidade parecesse mais igualitária. Isto também deve continuar no futuro
com foco e poderoso ímpeto.
No
entanto, se estes últimos que atualmente são mais vitais. Bem como o terceiro –
Verdade – que agora requere energia restaurante significativa. A Verdade aqui
não significa apenas honestidade ou ser-se um homem de palavra. É Verdade com V
maiúsculo, no sentido que a Verdade acerca da Ordem e dos seus ensinamentos
esotéricos. Verdade como na Verdade acerca da realidade espiritual divina e da
filosofia intemporal dos antigos. Verdade como no poder da Palavra divina, ela
própria carregando poderes criativos e transformadores, que afetam toda a
realidade física. Os Maçons devem descobrir a Verdade mais alta acerca de quem
realmente são.
Ou
nas palavras de Albert G. Mackey, 33º, na sua Enciclopédia da Maçonaria
Revista: “Esta ideia de verdade não é a mesma que a expressa na lição do
Primeiro Grau, onde o Amor Fraternal, Alívio e Verdade são ditos os ‘grandes
três propósitos da profissão Maçônica’. Nessa perspetiva, Verdade, que é chamada de ‘Atributo Divino, a fundação de toda a virtude’, é sinônimo de
sinceridade, honestidade de expressão e atos francos. A maior ideia de verdade
que impregna o inteiro sistema Maçônico, e que é simbolizada pela Palavra, é
que é propriamente expressada como um conhecimento de Deus.”
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