*Por
Barbosa Nunes
Nas
margens do Rio das Garças em Cassununga, Mato Grosso, enfeitado por belas
garças, nasceu em 11 de julho de 1923, Garcita, recebendo este nome por
homenagem de sua mãe às aves comuns e em grande quantidade na região. Filha de
Francisca da Silva Rabelo e Francisco Alves Soyer, pai tropeiro que ela não
conheceu.
Sua
luta inicia-se com pouco mais de um ano de idade, marcada pela determinação de
sua mãe que em três meses de viagem, deslocou-se em lombo de burros, aportando
em Goiabeiras, hoje cidade de Inhumas, Goiás. Em segundo casamento, sua
progenitora uniu-se a José Rodrigues Rabelo, que veio a ser o primeiro prefeito
do município de Inhumas, nomeado pelo decreto 602 de 19 de janeiro de 1931, do
Interventor Federal no Estado de Goiás, Pedro Ludovico Teixeira.
Garcita
cresceu em ambiente social, político e cultural, concluindo em 1939 o Curso
Normal, no tradicional Colégio Santa Clara, do bairro de Campinas, em Goiânia.
Foi integrante do coro da Igreja Católica de Inhumas, como primeira solista e
cantora em inúmeros casamentos, sempre interpretando em várias oportunidades
"Ave Maria" de Gounod, em latim. Escreveu muitas crônicas, montou
peças teatrais. Sua vida profissional se
alongou por mais de 40 anos em salas de aulas, hoje aposentada como supervisora
educacional.
Apareceu
para ela o homem de sua vida, Nelo Egídio Balestra, com quem se casou em noite
de Natal, 24 de dezembro de 1941, passando a se chamar Garcita Soyer
Balestra e com ele viveu por 61 anos,
até o ano de 2002. Desta união nasceram Ronald, Roberto, Renato, Maria Lúcia,
Ricardo, Nelcita, Nelo Filho, Goianita, Reinaldo e Francisca Augusta. Sete
estão vivos.
A
família que hoje rodeia Garcita e ilumina a sua casa em uma chácara de Inhumas,
sobretudo, aos finais de semanas, em verdadeira festa. Além dos filhos, noras e
genros, 28 netos, 35 bisnetos e nos próximos meses neste primeiro semestre,
dois tataranetos. Garcita com um sorriso esfuziante e olhar brilhante, diz que
terá o orgulho e a felicidade de se dirigir à sua neta com a frase muito antiga:
"Minha neta, dá cá teu neto".
A
vida dos seus familiares sempre é de longa idade. Garcita está próxima dos 92
anos de, sua mãe faleceu com 98 e sua irmã, Sebastiana Soyer Guerra, viúva de
Sebastião Almeida Guerra, que também foi prefeito de Inhumas, muito consciente
e fisicamente locomove-se com independência aos 106 anos.
Sua
vivência política familiar é que fez com que Nelo Balestra, tornasse político
de marca histórica na cidade de Inhumas, exercendo, como seu padrasto que
considera pai, José Rodrigues Rabelo, também o cargo de prefeito do município,
o que ocorreu também, com o cunhado Sebastião de Almeida Guerra, este do PSD e
Nelo da UDN.
Mas
a história política da família teve um sucessor que hoje se encontra no 8º
mandato de deputado federal, Roberto Egídio Balestra, sempre guindado ao cargo
por votação expressiva pelo seu trabalho em favor das regiões que representa e
uma sucessora, Maria Lúcia Balestra, que foi presidente do PP nacional, por 10
anos.
Garcita
subiu a palanques, em caminhões, participou de passeatas, reuniões as centenas
e no carinho e reconhecimento do filho, ele diz: "Minha mãe é a minha
grande força na minha vida pública, especialmente após o falecimento de meu
pai, pois ela assumiu todo o comando político da família e nos ampara com sua
credibilidade e atividade social".
Garcita
guarda na sua memória entre vários acontecimentos importantes em sua vida, um
que está retratado em sua sala. Foi quando o presidente Juscelino Kubitschek,
em campanha para senador por Goiás, tendo como suplente o inhumense João Abrão
Sobrinho, foi recebido por Nelo Balestra, à época prefeito, em sua residência,
onde almoçou. Na sequência de suas atividades políticas Juscelino e João Abrão,
não concluíram seus mandatos, sendo cassados politicamente.
Na
maçonaria tem longa história junto com Nelo Egídio Balestra nas Lojas
"Vigilância e Fraternidade de Inhumas" e "Otávio Balestra",
que foi seu cunhado. Nelo foi Venerável Mestre por diversas vezes, exercendo
este cargo nos últimos anos de sua vida. Os filhos Roberto e Reinaldo Balestra,
são maçons ativos e atuantes. Ela sempre teve muito orgulho e prática social
como esposa e mãe de maçons, vendo na instituição uma verdadeira coluna de
defesa da família, orientação dos filhos e fraternidade, sempre valorizando a
mulher como instrumento mais importante na preservação familiar.
Garcita
Soyer Balestra é hoje dedicada continuadamente a um carinho especial com os
idosos. Fundou e é presidente de uma ONG, "Eterna Juventude", com o
slogan "Viva bem a idade que tem". Mais ainda, esta ONG funciona em
sua residência, quando dezenas de idosos, devidamente catalogados se reúnem
três vezes por semana para trabalhos de pintura, crochê, arte culinária,
fisioterapia em piscina, rodas de fiar e produção de pizzas que são vendidas
para pagar alguns custos.
Com
estes idosos ela já se deslocou em ônibus especial, várias vezes para Porto
Seguro, praias paulistas, Brasília, Goiânia, inclusive uma longa viagem para
Fortaleza. Para este ano está programada uma excursão a Barra do Garças, no
Mato Grosso. Marcou Garcita a primeira viagem em que os idosos viram o mar pela
primeira vez. Pessoas simples, que se emocionaram e choraram muito. Esta ONG
com as suas dificuldades, mesmo assim, recebeu uma contribuição do governo
estadual para construção de sua sede, mas insuficiente para concluí-la de
imediato. Garcita acredita que os idosos de Inhumas terão seu lugar especial
para entretenimento e lazer.
Homenageio
todas as mulheres que nos distinguem com suas leituras aos nossos artigos,
destacando em 8 de março de 2015, Dia Internacional da Mulher, esta guardiã
resistente, forte, fortaleza imbatível em favor dos bons princípios na família,
de prática política que engrandece as mulheres e na maçonaria um orgulho para
todos nós que integramos as atividades maçônicas do Brasil.
Ao
concluir esta homenagem apresento e guardo as suas palavras: "Penso sempre
na vida, minha missão é levar alegria. Não posso reclamar. Durante o dia me
entrego às minhas atividades e preencho o espaço da minha vida com trabalho. À
noite rezo muito e também choro".
Solicitada
a falar sobre o seu companheiro, Nelo Balestra, disse: "Nelo, você foi o
amor que deu vida à minha vida".
*Barbosa Nunes é Grão-Mestre Geral Adjunto do Grande Oriente do Brasil
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