Na
obra “Antigas Letras”, o Grão-Mestre Leon Zeldis 33º, da Maçonaria de Israel
(The Grand Lodge of the State of Israel), chama a atenção para o fato de que os
textos religiosos hebraicos onde aparecem os nomes divinos de D’us não são
destruídos quando envelhecem, mas enterrados ou guardados em um lugar especial
da sinagoga conhecido como guenizá. Diz a tradição judaica que qualquer
fragmento de um texto sagrado que contiver o nome do Criador deve ser enterrado
de acordo com determinados rituais. Entretanto, com o passar dos séculos e em
função das perseguições sofridas pelos judeus, muitos documentos hebraicos foram
apenas escondidos, daí o nome de guenizá (esconderijo), que corresponde em
hebraico ao termo lignoz e significa guardar, manter secreto.
Provavelmente,
quando os primeiros templários chegaram a Terra Santa comandados por Hugues de
Payen, em 1118, quase duas décadas após a conquista de Jerusalém pelos Cruzados
(1099), o objetivo real de sua presença não ficaria apenas circunscrito a dar
proteção aos peregrinos que se deslocassem a Jerusalém. O grupo de nove nobres
franceses oriundos da região de Provença que se estabeleceu na ala leste do
palácio do rei Balduíno II, patriarca de Jerusalém, sob o nome de Ordem dos
Pobres Cavaleiros do Templo de Salomão, passou quase dez anos promovendo
escavações na área da Mesquista de Al-Aqsa, erguida sobre o local onde
existiram dois grandes templos judaicos: o primeiro Templo, construído em 960
antes da Era Comum pelo rei Salomão e destruído por Nabucodonosor, da
Babilônia, em 586 a.E.C., e o segundo Templo, reconstruído cinquenta anos
depois no mesmo local e que resistiu até 70 da E.C. quando foi arrasado pelas
legiões romanas.
No
livro “A Chave de Hiram”, os autores maçons Christopher Knight e Robert Lomas
destacam que os clérigos que acompanhavam os cavaleiros templários eram “todos
capazes de ler e escrever em muitas línguas e eram famosos por suas habilidades
em criar e decifrar códigos”. E transcrevem um comentário do historiador
francês Gaetan Delaforge sobre os reais motivos dos templários: “A verdadeira
tarefa dos nove cavaleiros era realizar uma pesquisa na área para recuperar
certas relíquias e manuscritos que continham a essência das tradições secretas
do Judaísmo e do Antigo Egito, algumas das quais provavelmente datavam do tempo
de Moisés” (The Templar Tradition in the Age of Aquarius).
Uma
Ordem acima de reis e rainhas
Legitimada
pelo papa Honório II em 31 de janeiro de 1128, a Ordem do Templo ganhou
estatuto, regras e um comandante: o Grão-Mestre Hugh de Payens. Havia mais de
600 artigos no estatuto dos templários, segundo o historiador inglês Piers Paul
Read, autor de “Os Templários”, sendo que a regra 325 relacionava-se com o uso
de luvas de couro, que era consentido apenas aos capelães e aos pedreiros
construtores de santuários e fortalezas. Mas, “em nenhum lugar havia qualquer
menção a peregrinos ou à sua proteção, aparentemente ignorando a única razão
para a criação dessa Ordem” (A Chave de Hiram). O papa seguinte, Inocêncio II,
através da bula “Omne datum optimum” (1139), estabelece privilégios que tornam
a instituição independente de toda interferência de autoridades políticas e
religiosas. Segundo a encíclica, os templários só deviam obediência ao Papa.
Durante
os próximos 200 anos a Ordem do Templo cresce e se expande em poder e riqueza,
recebendo doações em dinheiro e propriedades na Europa. De acordo com os
investigadores históricos ingleses, Michael Baigent e Richard Leigh, que
pesquisaram a herança templária no surgimento da maçonaria, “em meados do
século 12, a Ordem do Templo já tinha começado a se estabelecer como a mais
poderosa e rica instituição isolada em toda a Cristandade, com exceção do
Papado, com frotas de navios, territórios extensos e ligações secretas com
líderes sarracenos” (O Templo e a Loja). Esses mesmos autores e mais Henry
Lincoln ainda afirmam que coube aos templários criar e estabelecer a moderna
instituição bancária. “Através de empréstimos de vastas somas a monarcas
necessitados, tornaram-se os banqueiros de todos os tronos da Europa” (O Santo
Graal e a Linhagem Sagrada).
Com
a perda de Jerusalém para os muçulmanos em 1291, a Ordem do Templo se transfere
para Chipre. A ilha tinha sido conquistada pelo rei Jayme I (Coração de Leão),
da Inglaterra, em 1191, e vendida, anos depois, para os templários. Em 1312, a
Ordem é oficialmente extinta por um decreto papal emitido por Clemente V, sem
que um veredicto conclusivo de culpa tenha sido pronunciado. Através da bula
Vox in excelso o Papa extingue a Ordem do Templo “proibindo estritamente
qualquer um de conjeturar em entrar para a referida Ordem no futuro, ou de
receber ou usar seu hábito, ou de agir como um templário” (Os Templários). Em
bula subsequente, a Ad Providam, todos os bens e propriedade dos templários são
transferidos para a Ordem dos Hospitalários, uma instituição similar a dos
templários, que também funcionava na Terra Santa.
Na
França, por ordem do rei Filipe IV, o Belo, os templários são perseguidos,
presos e torturados. A Inquisição também se alastra por toda a Europa. As
acusações concentram-se em supostas heresias e rituais praticados pelos membros
da Ordem. O seu Grão-Mestre, Jacques de Molay, é queimado até a morte, na Ile
de la Cité, no Sena, em 1314.
Estado
templário preocupava a Igreja
Setecentos
anos depois desses acontecimentos, dúvidas ainda persistem sobre a verdadeira
natureza da Ordem e de seus cavaleiros. Seriam eles guardiões de um
conhecimento secreto adquirido na Terra Santa em contato com outras culturas ou
mesmo oriundo de documentos sobre as origens do Cristianismo descobertos nas
escavações? Para Baigent e Leigh, o impacto de antigas formas de pensamento
cristão, não Paulinas, podem ter influenciado as atividades da Ordem no seu
projeto para a criação de um Estado Templário e na sua política de reconciliar
o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo. “Os templários não negociavam apenas
dinheiro, mas pensamentos também. Através de seu contato com as culturas
muçulmana e judaica, começaram a atuar como introdutores de novas ideias, novas
dimensões do conhecimento, novas ciências” (O Santo Graal...).
A
pesquisadora da Biblioteca do Vaticano, Bárbara Frale, em artigo publicado no
“L’Osservatore Romano” (21.08.2008), jornal oficial da Santa Sé, afirma que os
documentos originais do processo contra os templários, encontrados no Arquivo
Secreto do Vaticano, demonstram que foram infundadas as acusações de que os
cavaleiros praticavam em segredo ritos pagãos e haviam abandonado a fé cristã.
De acordo com a autora, os templários não eram hereges e o que se descobriu nas
atas conservadas no Vaticano é que “a disciplina primitiva do Templo e o seu
espírito autêntico se haviam corrompido com o passar do tempo, deixando a porta
aberta para a difusão de maus costumes” (Revelações do Arquivo Secreto do
Vaticano: templários não foram hereges,no portal Zenit).
Aí
caberia a indagação: quais seriam os “maus costumes”, segundo a avaliação da
pesquisadora, adquiridos pelos templários? No mesmo artigo, Frale reconhece que
“ainda há verdadeiramente muito que investigar” e adianta que o estudo da
espiritualidade desta antiga ordem religiosa dará à cultura contemporânea novos
motivos de discussão.
Escócia:
refúgio dos templários e berço dos maçons
Da
extinção oficial da Ordem até a fundação da primeira grande Loja Maçônica em
Londres (1717), a trinca de autores do “Santo Graal e a Linhagem Sagrada”
registra que os templários ingleses e franceses encontraram refúgio na Escócia
(país que ignorou a bula papal), e muitos deles também se integraram a outras
Ordens e sociedades secretas na Alemanha, Espanha e Portugal. Conta-se que em
1689, na batalha de Killiecrankie, na Escócia, um dos aliados do rei Jayme II
da Inglaterra, John Claverhouse, visconde de Dundee, estava usando uma antiga
vestimenta da Ordem do Templo, de antes de 1307, quando foi morto na luta. A
referência ao fato foi publicada no jornal da primeira Loja de Pesquisas
Maçônicas do Reino Unido (Quatuor Coronati), em 1920: “Lorde Dundee perdeu sua
vida como líder do Partido Escocês Stuart. Segundo o testemunho do abade
Calmet, ele teria sido Grão-Mestre da Ordem do Templo na Escócia” (O Santo
Graal...).
Mas,
muito tempo antes, nos meados do século 16, um manuscrito já comprovava a
existência dos chamados franco-maçons e a sua subordinação à monarquia dos
Stuart, principalmente ao soberano escocês Jaime I (1566-1625), que também foi
rei da Inglaterra e da Irlanda. O historiador maçônico, Robert F. Gould, em
“The History of Freemasonry”, transcreve o que era exigido dos franco-maçons à
época: “... que sejais homens leais ao rei, sem nenhuma traição ou falsidade e que
não tolerais qualquer traição ou falsidade, tratando de combatê-las ou
notificá-las ao rei”. Segundo definição de um ilustre estudioso maçom José
Maria Ragon (1781-1866), o termo franco-maçom somente se aplicaria àqueles que
efetivamente cooperassem na obra de instrução e regeneração da humanidade. Os
demais membros de obreiros construtores e integrantes da corporação de
pedreiros seriam denominados simplesmente maçons.
Observa-se
que a Grande Loja da Inglaterra, criada para centralizar a franco-maçonaria
inglesa e que se constituiu no marco oficial da imagem pública da Maçonaria,
foi instituída em 24 de junho de 1717, data emblemática para os templários e
que lembra o nascimento de João, o Batista. A devoção a essa figura histórica é
um dos elos que ligam os franco-maçons aos templários. Segundo o “Dicionário de
Maçonaria”, de Joaquim Gervásio de Figueiredo 33.º, João Batista é o patrono da
Maçonaria e todas as lojas maçônicas simbólicas são intituladas Lojas de São
João.
A
tradição judaica dos essênios
Preso
e decapitado em 32 da E.C. por ordem de Herodes Antipas, governador da
Galiléia, Yochanan ben Ezequiel (nome hebraico de João Batista) provavelmente
era membro da seita dos essênios, uma comunidade judaica que existiu durante os
dois últimos séculos da era do Segundo Templo (150 antes da E.C. a 70 da E.C.).
Historiadores judeus do século I, Flavio Josefo e Philo de Alexandria,
registraram a presença desse grupo ascético, que praticava um Judaísmo
ultra-ortodoxo, com jejuns frequentes e banhos rituais diários, e que habitava
o deserto da Judéia, entre Jericó e Ein Guedi.
A
partir de 1947, e até 1956, com a descoberta dos pergaminhos nas cavernas de
Qumran (os manuscritos do Mar Morto), a tese de que os essênios eram seus
autores ganhou força entre estudiosos e peritos de várias nacionalidades.
Segundo Leon Zeldis 33º, os iniciados da comunidade de Qumran, cujas idades
variavam entre 25 e 50 anos, aprendiam a “amar a justiça e ter aversão à
maldade”. Consideravam-se herdeiros dos reis sacerdotes, simbolizados por
Salomão (do hebraico Shlomo, que deriva da palavra Shalom-paz) e Melquizedek
(do hebraico Malki-Tzadik, rei justo), rei de Salem (a atual Jerusalém), à
época de Abraão. Alguns de seus membros, como João, o Batista, faziam votos de
nazareos - do hebraico “nazir” que corresponde a “separado” ou “consagrado”. Os
autores do livro “A Chave de Hiram” acreditam que “a voz que clama no deserto”
poderia ser a de João Batista “que viveu uma vida dura no deserto, de retidão
qumraniana, comendo apenas os alimentos permitidos, usando um cinturão de couro
e uma túnica de pelo de camelo”.
Na
obra “Os Manuscritos do Mar Morto”, o professor e doutor em teologia Geza
Vermes destaca que os membros da seita se consideravam “o verdadeiro Israel”,
fiéis representantes das autênticas tradições religiosas. Os sacerdotes,
chamados de “filhos de ZadoK” (o sacerdote da Casa de David), se constituíam na
autoridade máxima da comunidade. A hierarquia era rigorosa. Cada membro era
inscrito na “ordem de seu grau”. O mais alto cargo recaía na pessoa do
Guardião, conhecido também como “Mestre” (maskil, em hebraico). Eram também
instruídos a reconhecer “um filho da Luz” de um “filho das Trevas”. Na lista de
infrações e de suas penas correspondentes, o pecado mais grave que demandaria
em imediata expulsão da congregação seria qualquer tipo de transgressão, por
ato ou omissão, às diretrizes da Lei de Moisés.
Em
um dos manuscritos – o Preceito do Messianismo – é especificado que somente a
partir dos 30 anos os homens eram tidos como maduros, podendo participar das
assembleias, de casos em tribunais e tomar assento nos altos escalões da seita.
O neófito vindo de fora que se arrependia de seu “caminho de corrupção”,
iniciava-se “no juramento da Aliança” no dia em que conversava com o Guardião,
mas nenhum estatuto da seita deveria ser divulgado a ele. Na avaliação do
professor Geza Vermes, o retrato que assoma da leitura dos manuscritos em
relação às ideias e aos ideais religiosos dos essênios é uma observância
fanática à Lei de Moisés. No campo político, os essênios eram frontalmente
contra a dinastia de Herodes e o domínio dos romanos sobre a Terra Santa.
Livros
secretos de Moisés
Dizimada
pelos romanos em 66-70 da E.C., a comunidade de Qumram pode ter enterrado sua
história, seus segredos e sua tradição secreta ligada a Moisés em algum lugar
do templo de Jerusalém, seguindo a prática judaica de não destruir documentos
sagrados (a cidade de Jerusalém fica a 40 minutos de carro de Qumram). Na obra
“A Chave do Hiram”, os autores aventam a hipótese desses manuscritos terem sido
descobertos pelos templários, no século 12, em função das sigilosas escavações
realizadas no local por mais de uma década. No livro “A Odisséia dos Essênios”,
o historiador britânico Hugh Schonfield faz referência aos livros secretos que
Moises teria dado a Josué para que ele os mantivesse ocultos “até os dias de
arrependimento”.
No
livro do escritor francê Michel Lamy - Os Templários. Esses senhores de Mantos
Brancos/1997 – é lembrado o interesse do abade Estevão Harding, amigo e mentor
de Bernardo de Clairvaux (incentivador da criação da Ordem dos Templários e
autor de suas regras), por textos hebraicos. O abade procurava a ajuda de
rabinos nas suas traduções do hebraico dos livros do Velho Testamento. Para
Lamy, esse intenso interesse por textos hebraicos demonstram a crença na
existência de um tesouro oculto enterrado sob o monte do Templo e algum tipo de
relação com o lugar que mais tarde se tornou a moradia dos templários. O
historiador Piers Paul Read também destaca que uma das primeiras traduções
encomendadas pelos templários na Terra Santa foi a do “Livro dos Juízes”, do
Velho Testamento. “Havia uma íntima e inquestionável identificação dos cristãos
da Palestina com os israelitas de antigamente” (Os Templários).
Erguido
pelo rei Salomão para abrigar a “Arca da Aliança” – relicário das palavras
divinas a Moisés no deserto - , o grande Templo de Jerusalém concentrava nesse
local toda a sua santidade. Construído sobre o Monte Moriá, o aposento onde
ficava a arca sagrada era o lugar mais recôndito do Templo, chamado de “o
Sagrados dos Sagrados” (Kodesh há-Kodashim), recinto cuja santidade era tal que
somente o grande sacerdote (Cohen Gadol, em hebraico) tinha permissão de lá
entrar, uma única vez durante o ano, no Dia do Perdão - Yom Kipur (Revista
Morashá).
A
adoção pelos templários e maçons dessa simbologia estruturada nos mistérios e
segredos que se iniciam com Abraão, tem seu ápice em Moisés, se perpetua com a
construção do Primeiro Templo por Salomão e sofre transmutações generalizadas a
partir dos primórdios da Era Comum, após a destruição da comunidade de Qumram,
ainda permanece envolta em véus em sua nascente e tem se mostrado um desafio
para a Igreja Católica. De igual forma, a imensa quantidade de publicações,
teorias e suposições a respeito do tema ainda não produziu uma resposta
diferente daquela que anima e justifica o trabalho da maioria dos
pesquisadores: a da “busca pela verdade” .
Os
guardiões da Aliança
Em
“As Intrigas em torno dos Manuscritos do Mar Morto”, o leitor acompanha a
trajetória dos manuscritos, desde das primeiras descobertas no deserto da
Judéia, em 1947, durante o mandato britânico na Palestina, até o início da
década de 1990, quando o conteúdo de muitos documentos ainda não tinha sido divulgado.
A batalha para o livre acesso e publicação de mais de 800 manuscritos por parte
de inúmeros pesquisadores de renome mundial é relatada por Michael Baigent e
Richard Leigh que culpam a chamada “equipe internacional” comandada pelo padre
Roland de Vaux, da École Biblique de Jerusalém, de manter por longo tempo o
monopólio sobre os manuscritos. A polêmica se estendeu até a imprensa através
das páginas do influente jornal americano New York Times que em editorial
publicado em 9 de julho de 1989 criticou a morosidade das pesquisas, observando
que “passados 40 anos, um círculo de estudiosos indolentes continua esticando o
trabalho, enquanto o mundo espera e as preciosas peças vão se desmanchando em
pó”.
Hoje
sabemos que os membros da comunidade de Qumram costumavam referir-se a si
próprios como “os guardiões da Aliança”. Tal conceito se baseia essencialmente
na grande importância da “Aliança”, que impunha um voto formal de obediência,
total e eterna, à Lei de Moisés. Daí a expressão “Ossei ha-Torá”, encontrada em
um dos pergaminhos, que pode ser traduzida por “Agentes da Lei”, expressão
talvez que fosse a origem da palavra essênio (As intrigas em torno dos
Manuscritos...). Mas, para o pesquisador Robert Eisenman, autor de vários
livros sobre os Manuscritos, termos como essênios, zadoques, zanoreanos,
zelotes, sicários, ebionitas (os pobres) apontam para um mesmo grupo ou
movimento ortodoxo de rigoroso cumprimento da lei mosaica.
Em
seu estudo “Paulo como herodiano”, apresentado na Sociedade de Literatura
Bíblica (Society of Biblical Literature), em 1983, Eisenman credita a Paulo
(Saulo de Tarso) o papel de agente secreto dos romanos, após ser ameaçado de
morte pelos “zelosos da Lei”. A partir dos manuscritos e de referências
encontradas no Novo Testamento, o pesquisador afirma que a entrada de Paulo em
cena mudou o rumo da história. “O que começou como um movimento localizado
dentro da estrutura do Judaísmo existente, e cuja influência se restringia aos
limites da Terra Santa, se transformou em algo de uma escala e magnitude que
ninguém na época poderia ter previsto. O movimento que estava nas mãos da
comunidade de Qumran foi efetivamente convertido em algo que não tinha mais
lugar para seus criadores” (As Intrigas em torno dos Manuscritos...).
Para
os autores ingleses de “A Chave de Hiram”, Saulo de Tarso não conhecia
profundamente os ritos nazoreanos da comunidade de Qumram e a sua simbologia da
“ressurreição em vida”, cerimônia adotada pela Maçonaria em seu ritual de 3º
Grau. Em um dos manuscritos encontrados, denominado “Preceitos da Comunidade”,
é explicado que ao entrar na comunidade o sectário era elevado a uma “altura
eterna” e unido ao “Conselho Eterno” e à “Congregação dos Filhos do Céu” (Geza
Vermes, em “Os Manuscritos do Mar Morto”).
Outro
importante estudioso dos manuscritos, o historiador John Allegro, em seu livro
“The Treasure of the Copper Scroll” que traz a tradução completa do Manuscrito
de Cobre, explica que “Qumram” é uma palavra árabe moderna e que no século I da
E.C. o local era conhecido como Qimrôn, raiz da palavra hebraica que significa
abóbada, arco, portal. O pesquisador também observou a utilização de códigos no
Manuscrito de Cobre quando são citados os 64 esconderijos com metais preciosos
e manuscritos pertencentes à Comunidade. Detalhe igualmente notado pelo padre
J.T.Milik, que fazia parte da equipe internacional que analisou os manuscritos
em Jerusalém. O religioso constatou a presença de técnicas de codificação
críptica em alguns documentos secretos que continham informações sobre eventos
futuros.
Sheila
Sacks
Jornalista
de Investigação - Rio de Janeiro, Brasil
FONTE:
MAÇONARIA.NET
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