PARIS, CAPITAL MAÇÔNICA

Por Vincent Nouzille (Le Figaro)
A Cidade Luz é assim chamada adequadamente. Do Panteão à Torre Eiffel, muitos seus monumentos mostram traços de símbolos maçônicos. “Muitas vezes são pequenos toques, mais que por um grande projeto organizado,” diz Emmanuel Pierrat, co-autor de Paris e os Maçons. “Não se deve interpretar excessivamente os sinais, mas alguns construtores irmãos realmente marcaram a cidade com suas logomarcas, incluindo referências antigas, muito populares nos séculos XVIII e XIX e em nossos rituais,” adiciona o iniciado Raphaël Aurillac, autor do  Guia Maçônico de Paris. Ali está uma descoberta não exaustiva dos lugares parisienses onde o visitante alerta pode detectar piscadelas de maçons.

O monumento dos direitos humanos de Champ-de-Mars
Este pequeno assinado por Ivan Theimer foi erguido em 1989 para o 200º aniversário da Revolução francesa. Ela celebra as virtudes do Iluminismo e o espírito de liberdade, ali onde, em 1790, teve lugar a primeira festa da Federação inspirada por La Fayette, e posteriormente as celebrações do ser supremo desejadas por Robespierre.
Os ornamentos egípcios do monumento e os símbolos esotéricos (desenhos de Newton, delta radiante, sol,) que parecem alimentar a imaginação de seus visitantes.




O Grande Arche
O Grande Arche, inaugurado em 1989, fecha a oeste do eixo vindo do Louvre, como uma pedra esculpida, polido ao extremo. «Um cubo aberto, uma janela para o mundo», de acordo com seu arquiteto Otto von Spreckelsen. Última porta, como na antiguidade, para o mundo dos mortos, ela lembra aos irmãos sua absoluta busca da perfeição e a transição “para o Oriente eterno. No topo, o escultor Raynaud projetou um pavimento com doze signos do  zodíaco, homenagem ao céu, que são encontrados nas naves dos templos maçônicos.

O Louvre
Os fundadores do Museu, em 1793, não eram maçons.  Mas seu primeiro curador, o egiptólogo Dominique Vivant, Barão Denon, era. Assim como seu arquiteto, Pierre Fontaine, que o completou sob o Império. Seu projeto geral recorda os três espaços de um templo: a praça em frente, em torno do Carrossel, forma sua entrada secular; o pátio Napoléon sua nave sagrada; o pátio quadrado seu espaço secreto, localizado no Oriente. Suas fachadas são pontilhadas com antiga imagem adotadas pelos maçons: apertos de mão fraternais, esquadros, compassos, representações de Ísis e Osíris, letra H que lembra a Hiram, o arquiteto venerado do Templo de Salomão.
Se as estruturas de vidro do arquiteto chinês Pei não foram inspiradas pelos irmãos, elas enriquecem simbolicamente a obra. A pirâmide invertida, que mergulha no subsolo parece apelar pela busca interior  que os antigos alquimistas resumiam na fórmula Visita Interiora Terrae Rectificando Invenies Occultum Lapidem (V.I.T.R.I.O.L.) “Visite o Interior da terra, a corrigindo, você encontrará a pedra escondida”. Um lema maçônico.

O Panteão
Projetado em forma de uma cruz grega, a Igreja neoclássica do arquiteto maçom Jacques – Germain Soufflot, desejada por Louis XV, foi colocada sob as mãos de um iniciado, o abade Pingré, Canon de Sainte-Geneviève, antes de ser dedicada, em 1791, aos “grandes homens da época da liberdade francesa”. Colocado sob o culto católico sob o Império, o Panteão tornou-se um templo secular e um cemitério nacional sob a influência de líderes iniciados da Terceira República. Em sua cripta repousam muitos “grandes homens” maçons, incluindo Voltaire, Victor Hugo e Victor Schoelcher.

A estátua da liberdade
Réplica daquela de Nova York, projetada pelo irmão Auguste Bartholdi, com a ajuda de Eiffel, a de Paris instalada na Ilha dos Cisnes, é uma homenagem aos ideais maçônicos dos pais da revolução americana (Franklin, Washington) e seus irmãos franceses (Lafayette e Rochambeau).
Ela foi erguida a partir de 1884, graças aos esforços de maçons americanos e franceses, incluindo o Presidente Theodore Roosevelt. A placa comemorativa do centenário da primeira pedra está decorada com um compasso e um esquadro.
Uma outra Liberdade, menor está instalada no jardim de Luxemburgo. E nós devemos a Bartholdi, a estátua de La Fayette e Washington fraternalmente apertando as mãos, na praça dos Estados Unidos.


A Place de La Concorde e o eixo histórico
A via triunfal, que parte do Louvre e que vai ate La Defense passando pela Place de la Concorde, agrada aos iniciados. Ela representa o curso da vida, do nascimento à morte, o caminho do sol do Oriente ao Ocidente. Esta linha pura é marcada, no ponto do equinócio, pelo Obelisco de Luxor, totem do poder do deus Ra e símbolo do caminho perfeito do equilíbrio. Não é coincidência que o gestor de sua transferência do Egito, em 1839 foi o Barão Isidore Taylor, um irmão eminente. A presença de dois templos – este pacífico de leis com a Assembleia Nacional ao Sul e o antigo templo (guerreiro) da Grande Armée, hoje igreja de la Madeleine ao norte – completam, de acordo com alguns especialistas, o dispositivo esotérico, opondo o bem e o mal, a luz do meio-dia à noite da estrela do Norte.

A Torre Eiffel
A ideia de sua edificação para a exposição de 1889 germinou no seio da loja Alsace-Lorraine, da qual Gustave Eiffel era um dos dignitários. Seu design parece ter inspiração maçônica.
Uma verdadeira pirâmide, com um farol iluminando a cidade das luzes, a torre tem três andares, um aceno para os três primeiros graus da iniciação, o de aprendiz, companheiro e mestre.
Desafio final: ela é mais alta que o topo do Sacré-Coeur de Montmartre, o que constituiu para seus arquitetos maçons uma pequena vitória sobre a Igreja …




O frontão da Assembleia Nacional
Considerado “patrimônio nacional” em 1791, o Palais Bourbon, construído 50 anos antes, foi reformado e transformado na Câmara dos Deputados a partir de 1827 pelo arquiteto Jules de Joly, filho de um porta-voz do Grande Oriente. A decoração da sala de passos perdidos e o teto do salão da paz foram confiados ao irmão Horace Vernet. O atual frontão foi esculpido entre 1838 e 1841 por Jean-Pierre Cortot, membro da loja Grand Sphinx. Duas mulheres, portando esquadro e compasso misturam-se às personagens que cercam a França vestida à antiga.

A estátua da Place de la Nation
O gigantesco grupo em bronze O triunfo da República, assinado por Aimé – Jules Dalou em 1899, representa particularmente as virtudes republicanas (o Gênio da Liberdade, o Trabalho, a Paz, a Justiça, a Abundância).
Ao pé da Marianne, de pé sobre seu carro podem ser vistos símbolos maçônicos, tais como o esquadro, a colméia e a acácia.
Protegida por um ferreiro de avental, uma criança tem em seus braços um livro, um compasso, uma regra, um formão…





Os afrescos do Palácio d’Iéna
Mosaicos foram adicionados em 1992 sobre as fachadas do edifício que abriga o Conselho Econômico, social e ambiental.
 Criados pelos escultores Royne e Guardici, eles representam alegorias claramente maçônicas, tais como a pedra polida, a abóbada estrelada, a  pirâmide, os três primeiros graus da vida dos “iniciados” e “a cadeia de União fraternal”.

Tradução José Filardo
FONTE: BIBLIOT3CA

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