Da Redação
O Cavaleiro
Kadosh, também conhecido como Cavaleiro Kadosch ou Cavaleiro da
Águia Branca e Negra, é o nome de um dos mais altos graus da Maçonaria no
contexto do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA). Este grau ocupa a 30ª
posição na escala hierárquica do rito.
A palavra
"Kadosh" deriva do hebraico "קדוש", significando
"sagrado", "consagrado" ou "santificado". Em
documentos e insígnias maçônicas, o título é frequentemente abreviado como C∴K∴S∴ ou C∴K∴H∴.
Origem e
Evolução Histórica
Segundo o
historiador maçônico Roger Dachez, o grau de Cavaleiro Kadosh tem origem
alemã e surge na França, próximo à cidade de Metz, por volta de 1760.
Ele descende de uma tradição lendária de uma Maçonaria templária, originada a
partir de um primitivo grau chamado de Cavaleiros de Deus e de Seu Templo,
praticado em capítulos como o de Clermont, estabelecido em Berlim em 1759.
A história do grau
ganhou novo fôlego em 1801, quando foi fundado o primeiro Supremo
Conselho do Rito Escocês Antigo e Aceito, em Charleston, Carolina do Sul.
Essa jurisdição incorporou diversos graus do Conselho de Imperadores do
Oriente e do Ocidente e do Rito de Perfeição, incluindo o de
Cavaleiro Kadosh.
O grau foi
posteriormente reformulado, especialmente na década de 1850, sob a
liderança de Albert Pike, Grande Comandante do Supremo Conselho da
Jurisdição Sul dos Estados Unidos. Uma nova revisão do ritual foi realizada no
ano 2000, adaptando-o aos novos tempos.
Simbologia e
Ideal
O Cavaleiro Kadosh é
um símbolo da luta pela justiça, da defesa da verdade e da fidelidade a ideais
elevados. Está associado ao espírito templário e ao resgate da honra dos
Templários injustamente perseguidos e destruídos no século XIV, principalmente
pela ação do rei Felipe IV, o Belo, e do papa Clemente V.
Durante a cerimônia,
elementos simbólicos recordam figuras históricas, como Jacques de Molay,
o último Grão-Mestre da Ordem Templária, suas traições e seu martírio.
Controvérsias
e Críticas
O grau de Cavaleiro
Kadosh esteve no centro de diversas controvérsias, principalmente por parte de
fontes católicas. A Enciclopédia Católica de 1918 descreveu o ritual
como sendo anticatólico, sugerindo que a cerimônia teria o intuito de insultar
a autoridade papal (representada pela tiara papal) e se associaria a uma
vingança templária simbólica.
Essa interpretação
foi posteriormente repetida por autores como William Saunders e Burkhardt
Gorissen, e até mesmo pelo filósofo Julius Evola, que associou o
grau a uma suposta subversão dos poderes tradicionais — monarquia e papado — e
aos grandes movimentos revolucionários da história moderna, como a Revolução
Francesa, a Revolução Americana, as revoluções europeias de 1848 e a Revolução
Espanhola de 1936.
Contudo, estudos e
práticas maçônicas contemporâneas demonstram que essas interpretações são
equivocadas. No ritual maçônico verdadeiro, três coroas são colocadas sobre uma
mesa como elementos de memória simbólica, representando:
Jacques de
Molay (vítima da traição),
Felipe IV, o
Belo (o rei traidor),
Clemente V (o papa conivente).
Assim, o objetivo do
ritual é recordar a injustiça cometida contra a Ordem do Templo e inspirar o
maçom a defender a justiça, a verdade e a liberdade de consciência.
Conclusão
O Cavaleiro
Kadosh não é um grau de subversão ou ataque a qualquer religião ou
autoridade legítima, mas sim um chamado profundo para que o maçom honre a
justiça, a liberdade e a virtude, lutando contra a tirania e a corrupção, tanto
internas quanto externas.
Trata-se, portanto,
de um grau que remete à memória histórica dos Templários, ao simbolismo da
fidelidade à verdade, e ao ideal de transformar o mundo e a si mesmo através da
sabedoria e da coragem.
Pesquisa e Edição: Luiz Sérgio Castro
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