Por Eugênio Polessa
A pandemia que sacudiu o mundo em 2020,
expôs profundamente as vulnerabilidades das instituições globais, desafiando
não apenas sistemas de saúde, mas também organizações baseadas em valores e
tradições, como a Maçonaria. Este período crítico revelou falhas significativas
nas lideranças maçônicas, tanto em termos de reação imediata à crise quanto na
preparação para as incertezas de um futuro que se mostra cada vez mais volátil.
As lojas maçônicas foram forçadas a
suspender as sessões presenciais, uma prática essencial para a manutenção dos
laços fraternais e do cumprimento de rituais que formam a espinha dorsal da
tradição maçônica. Esta abrupta interrupção evidenciou a falta de preparo das
lideranças que se viram sem alternativas para manter a continuidade das
atividades. A transição para o ambiente digital, que poderia ter sido uma
solução viável, foi marcada por hesitação e falta de habilidade técnica,
deixando muitos membros desamparados e inseguros.
A insuficiência das reações não se
limitou apenas à falta de habilidade técnica, mas também a uma aparente falta
de visão estratégica. Durante os momentos mais críticos, faltou às lideranças
uma resposta proativa que pudesse guiar a fraternidade através do caos social e
sanitário. Essa inércia resultou em uma desconexão entre os membros,
enfraquecendo os laços fraternais que são fundamentais para a coesão do grupo e
para o apoio mútuo entre os irmãos.
Além das falhas imediatas, persiste uma
preocupação mais profunda com a ausência de um plano de contingência para lidar
com futuras crises ou mudanças abruptas no cenário mundial. A sociedade
contemporânea enfrenta uma série de desafios, incluindo crises políticas,
desastres ambientais e transformações tecnológicas rápidas, que exigem uma
revisão constante das práticas e uma adaptação ágil. A falta de preparação para
essas realidades mostra uma falha crítica na visão de longo prazo das
lideranças maçônicas.
A Maçonaria, com sua rica história de
fomento à virtude, justiça e fraternidade, encontra-se em um ponto crucial onde
precisa não apenas reavaliar suas práticas, mas também reformular sua
estratégia para o futuro. Isso inclui o desenvolvimento de habilidades digitais
entre os membros, a integração de novas tecnologias nas práticas rituais e
administrativas, e um planejamento estratégico robusto que considere cenários
possíveis e suas respectivas respostas.
O verdadeiro teste para a liderança
maçônica agora é sua capacidade de reconhecer essas falhas e agir decisivamente
para corrigi-las. É essencial que os líderes adotem uma postura de humildade e
aprendizado, reconhecendo que a verdadeira força de uma organização se revela
na capacidade de adaptação e superação de adversidades. O compromisso com a
melhoria contínua e a preparação para o futuro deve ser uma prioridade,
garantindo que a Maçonaria não apenas sobreviva, mas também prospere em um
mundo em constante mudança.
A implementação de um plano de
contingência eficaz deve ser vista como uma oportunidade para reafirmar os
valores maçônicos em um contexto moderno. Este plano deve abordar não apenas as
necessidades imediatas, como também preparar a ordem para liderar, por exemplo,
mostrando como uma instituição secular pode se adaptar e manter relevância em
uma era definida pela incerteza e pela transformação rápida.
Os líderes maçônicos devem, portanto,
abraçar as lições aprendidas e usá-las como um catalisador para uma mudança
profunda. Isto implica em uma revisão das estruturas de liderança, uma maior
inclusão no processo de tomada de decisões e uma comunicação mais eficaz com a
base de membros. Além disso, é crucial que a Maçonaria fortaleça sua capacidade
de monitorar e responder a tendências globais, assegurando que sua abordagem
seja tanto proativa quanto resiliente.
A história da Maçonaria é marcada por
sua capacidade de superar desafios e emergir mais forte. Agora, mais do que
nunca, é vital que a ordem se apoie em seus princípios fundadores e na força de
sua comunidade para remodelar suas práticas e políticas. Ao fazer isso, não só
fortalecerá sua posição como uma força de bem, mas também garantirá que
continue a ser uma fonte de luz e orientação para a humanidade, mesmo nas
épocas mais turbulentas.
O momento atual deve ser reconhecido
como um despertar para a urgência de inovar, renovar e superar desafios. Uma
oportunidade para estar vigilante no desenvolvimento de planejamentos
estratégicos, capazes de transformar desafios em oportunidades, e de reafirmar
o legado de honra, virtude e fraternidade, já edificado em nossos corações ao
longo das gerações que nos antecederam.
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