A PEDRA ANGULAR

Por R. Cristiano - Tradução: Luiz Sérgio Castro

Encontrar-me sentado no banco de um templo maçônico foi para mim como um verdadeiro paraíso. Tudo me intrigava e eu queria saber de tudo. Eu me senti como um garotinho no Luna Park. Lentamente as respostas chegaram. Tudo.

E aconteceu mesmo agora, enquanto eu estava quebrando a cabeça nesses dias quentes, procurando um pensamento para compartilhar com todos vocês. Encontrei-me metaforicamente sentado naquele banco.

Na quietude e paz do Templo, no interior e no exterior, eu me perguntava sobre a importância do conceito de Fraternidade entre nós maçons. Como isso representa a verdadeira "pedra angular".

Nós maçons, logo depois de cruzarmos pela primeira vez o limiar do Templo, aprendemos a nos chamar de Irmãos, todos nós. Além do posto que se tem e do lugar que ocupa, mesmo no mundo profano.

Muitas vezes se pensa que este termo é usado em um sentido traduzido. Acredita-se que basicamente nada mais é do que amizade. Embora tanto a amizade como a fraternidade ofereçam ao solteiro a possibilidade de ultrapassar os limites da sua individualidade e abrir-se aos outros, numa relação que parece fundamental para a vida, a primeira continua a ser uma ideia imensurável em relação à segunda. Os dois conceitos não se sobrepõem e divergem em alguns aspectos fundamentais.

A amizade é uma das relações mais imediatas e espontâneas que se pode experimentar na vida. Pelo contrário, a Fraternidade é uma decisão ponderada, uma escolha responsável, que implica deveres precisos. A amizade pode durar uma vida inteira, mas também pode ser curta e passageira. A Verdadeira Fraternidade é para sempre.

É importante perceber que o maçom tem a obrigação moral de correr em socorro de outro Irmão, protegê-lo, ajudá-lo, ajudá-lo em caso de dificuldade e sofrimento.

À luz deste espírito, entende-se que a Fraternidade é verdadeiramente "a pedra angular da Maçonaria".

Refere-se ao desejo de trabalhar em harmonia para o mesmo propósito: a construção do Templo da Humanidade para além das diferenças de raça, cultura, nível social, religião. É o domínio da razão sobre as paixões e nos lembra que, apesar das diferenças de idade, somos todos iguais diante da eternidade.

Também simboliza a justiça, que nivela as diferenças e nos faz sentir iguais perante o mistério infinito da vida e da morte. Serve para distinguir o verdadeiro do falso, o real do aparente. É também uma sentinela indispensável que nos torna atentos ao mal-estar e nos faz apreciar o bem-estar, que nos faz desconfiar daquela ganância que não satisfaz.

Apresenta-se como baluarte contra a ignorância humana, filha da materialidade, que erige barreiras e diferenças ilusórias entre as criaturas.

Se na loja ou na vida profana não nos comportamos como Irmãos é porque a pedra ainda está muito áspera em nossa alma.

A pedra angular é antes o pivô da nossa Instituição: estruturas de arcos e abóbadas, irmãos, que para essa suspensão à primeira vista inexplicável é sustentada por um único elemento: a Irmandade.

Gosto de pensar em nós, Irmãos, como tantas "cunhas". O arco com cunhas não necessita de ser suportado por argamassa, pois mantém-se perfeitamente mesmo seco, graças aos impulsos de contraste que se anulam entre a cunha e a cunha.

Ao contrário dos tijolos de uma casa, que precisam de cola para grudar, a pedra angular sustenta tudo com uma redistribuição “simples” do peso da parte suspensa sobre toda a estrutura, desafiando a força da gravidade. Assim como acontece dentro de uma Loja, um grupo de irmãos que se reúnem para construir templos à virtude, irmãos de propósito.

A nossa é uma "federação" composta por homens diferentes uns dos outros, mas que aspiram ao todo.

A harmonia ocorre quando todas as partes estão conscientes e "conversam" com as demais sob a pressão de seu centro organizador, a Irmandade. Uma espécie de pedra angular, que distribui o peso das diferentes partes, garantindo que não só a totalidade da pessoa esteja de pé, mas que possa constituir aberturas que permitam relacionar-se com os outros irmãos e, portanto, com o mundo inteiro.

Fonte: www.expartibus.it



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