Ir.'. João Anatalino
O paraíso terrestre
A idéia de
existência de um paraíso, de onde um dia a raça humana foi expulsa é um
arquétipo de compartilhamento coletivo que habita na psique do homem desde os
primórdios da civilização. Em todas as tradições dos povos antigos remanescem
memórias desse lugar maravilhoso, onde o mal não existia, e a dor e o
sofrimento eram experiências desconhecidas do ser humano. Por isso, vários autores
nihilistas costumam dizer que a expulsão do paraíso nada mais é que uma
metáfora onde o homem toma consciência de si mesmo e se descobre um ser que
precisa conhecer a si mesmo e saber qual é o propósito da sua vida. Sem esse
conhecimento, diz Sartre, o homem não consegue ser
feliz.[1] Destarte, o paraíso era a doce inocência que nos proporcionava a
ausência de um ego, por isso, Jesus, ao proferir as maravilhosas bem
aventuranças do Sermão da Montanha, começa justamente com os pobres de
espírito, ou seja, aqueles que não fazem da vida apenas uma forma de satisfazer
o próprio ego.
Corroborando com
essa assertiva, os mestres cabalistas dizem que Satã é o nosso ego, pois é ele
que domina nossos sentidos e nos faz buscar o prazer acima de qualquer coisa. E
isso tem sentido, até porque a palavra consciência, psique, espírito vital,
energia motora etc, em hebraico se escreve nefesh, que também é a palavra que
designa serpente, cobra, animal rastejante. [2]
Destarte, o livro
que fez do mito do paraíso um best-seller entre as memórias arquetípicas da
humanidade foi a Bíblia. Esse portentoso livro, que segundo a crença
judaico-cristã, foi ditada pelo próprio Deus aos seus sacerdotes e profetas, ou
que segundo os historiadores céticos, é uma compilação muito bem organizada de
lendas e narrativas antigas, feita por uma ou duas gerações de rabinos judeus,
é a primeira obra a dar uma descrição pormenorizada desse lugar de delícias,
onde Deus colocou a sua criatura mais bem elaborada para viver uma vida de
eternos prazeres.
Literalmente, o
Eden bíblico é um lugar existente na terra mesmo, e bem real. Seria um jardim
plantado lá pelas bandas do Oriente, talvez próximo da nascente do rio
Eufrates, segundo indicações da própria Bíblia, que diz que dele saia uma fonte
que dava origem a quatro rios, sendo dois deles os nossos conhecidos Tigre e
Eufrates, rios que banham a antiga terra chamada Mesopotâmia (hoje Iraque) e
deságuam no Golfo Pérsico. Alguns arqueólogos até pretendem ter desenterrado o
Éden bíblico nas escavações do sitio chamado Goblekli Tepe, um paradisíaco vale
situado na embocadura do Rio Eufrates, o qual conserva vestígios da existência
de uma civilização que excede os seis mil anos que a Bíblia diz ser a idade do
mundo. A tese dos arqueólogos que desenterraram Goblekli Tepe é a de que a
famosa expulsão do paraíso, narrada na Bíblia, foi talvez a destruição desse
local, ocorrida em razão do Dilúvio, outra memória que igualmente é conservada
pela maioria dos povos da terra e também convenientemente adaptada e narrada na
Bíblia judaica com fins claramente político-ideológicos.
Quem inventou o
paraíso?
De qualquer modo, a
expulsão do casal humano do paraíso é um dos temas que mais aparecem nas
narrativas religiosas e mitológicas da humanidade. Da Babilônia ao Império
Asteca, todos os povos lembram que um dia o homem teve um contato direto com
Deus e suas criaturas celestes, e que esse contato foi cortado violentamente em
razão de uma “trairagem” cometida pelo homem, iludido que foi pelo arquiinimigo
de Deus, o arcanjo Lúcifer, também conhecido por Satanás, que brigou com Ele
(por razões puramente egocêntricas) e se tornou seu grande opositor.
A história dessa
guerra celeste, que opôs Deus e seus anjos contra as hostes reunidas por Satan,
ou Satanás, não é contada com pormenores na Bíblia. Ela apenas faz algumas
parcas referências a esse conflito, dizendo que ele ocorreu e separou a
população angélica em duas facções distintas, que se tornaram, de um lado, anjos
do bem e do outro lado, anjos do mal.[3] Mas na tradição oral da religião
judaica, conhecida como Cabala, esse conflito é um fato bastante real. Tanto
que ele provocou uma desordem cósmica, de tal modo que o universo que sido
construído por Deus para ser uma estrutura perfeita e equilibrada, tornou-se um
verdadeiro caos. Ele provocou a chamada “quebra dos vasos”, metáfora
cabalística que significa que a ordem segundo a qual o universo estava sendo
construído (com a energia divina sendo distribuída de forma ordeira e
equitativa pelas sete esferas da estrutura cósmica) foi subvertida pelo pecado
de Adão. Não fosse esse acontecimento a Criação teria terminado no sétimo dia,
e a humanidade viveria eternamente feliz na terra. Mas como esse processo foi
interrompido pelo pecado de Adão, aconteceu a sheviráh (dispersão descontrolada
da luz divina pelo espaço cósmico). Por isso Deus teve que destruir a antiga
civilização com o dilúvio e suscitar uma nova a partir da família de Noé (o
único homem justo sobre a terra) e dela tirar um povo – os israelitas- para
servir de modelo da humanidade autêntica e perfeita que o Senhor queria
desenvolver na terra. Esse, aliás, é o enredo do magistral romance bíblico.
Mas com esse
conflito, anjos e demônios passaram a ser dois poderes disputantes das
estruturas universais, com tudo que elas encerram. Os mestres que desenvolveram
a grande tradição da Cabala bolaram uma trama bem urdida em
cima dessa história, criando uma escatologia (a criação do mundo e seu processo
de desenvolvimento) com começo, meio e fim. É nesta antiga tradição que
encontramos os reais significados das narrações bíblicas e topamos com a
verdadeira história dessa guerra travada nos céus entre as hostes angélicas e
seus oponentes demoníacos, pela posse da alma do homem e do próprio universo
enquanto obra de criação. É uma verdadeira epopéia, semelhante á Iliada e a
Odisséia, dos gregos, ou a Maharabata, a grande saga dos heróis arianos, que
narra a guerra dos clãs pelo controle do país dos brâmames, a velha Índia de
tantas lendas e crenças.
Nesse conflito
repousa também a escatologia da nossa própria alma, oscilante entre o bem e o
mal, a luz e as trevas, a matéria e o espírito. Talvez a mais antiga (e
perfeita) concepção dessa dialética seja aquela desenvolvida por Zoroastro (ou
Zaratustra, o grande sábio persa) há cerca de quatro mil anos atrás quando
intuiu que o mundo era um resultado do embate entre o deus da luz (Ormuz) e o
deus das trevas (Arimã). Nessa concepção se inspiraram todas as demais, de
forma que, ao que parece, foi Zaratustra quem inventou (ou descobriu) a briga
entre Deus e Satã pelo controle do mundo, e de quebra inventou o paraíso, com
sua ideia de que os seguidores de Ormuz, sob o comando de Mitra, venceriam no
final os seguidores de Arimã e herdariam a terra, fazendo dela um verdadeiro
jardim de delícias. Não é por acaso, portanto, que todas as tradições antigas
situam esse paraíso no Golfo Pérsico, a terra onde viveu o famoso profeta da
luz.
John Milton e o
Paraíso Perdido
Cá entre nós, uma
das mais belas narrativas a respeito desse tema foi feita pelo poeta inglês
John Milton, em 1677. No seu longo poema, escrito á moda clássica, ele narra o
confronto entre Deus e Satanás, no qual um terço dos anjos são expulsos do céu e
trancafiados, como prisioneiros, em um campo de concentração, que nesse caso, é
o inferno. Ali, liderados por Satã, secundado pelo seu lugar-tenente Lúcifer
(para Milton Satã e Lúcifer são entidades diferentes), os danados tramam sua
vingança. Como não poderiam atacar diretamente o céu devido ao poder de Deus e
do seu Filho, o Cristo, e das Hostes Celestiais comandadas pelo arcanjo Miguel,
os anjos caídos apelaram para outra estratégia. Ao invés de enfrentar
abertamente as forças celestes, eles resolveram desencaminhar a criação humana,
o “xodó” do Criador, feita à sua imagem e semelhança. “Se não podemos
vencê-lo," deve ter pensado Satanás, “vamos pelo menos desestabilizá-lo,
subvertendo suas criaturas”. Assim, o chefe dos demônios empreende uma longa
viagem do inferno à terra e se apresenta a Eva, na forma de uma serpente e a
seduz, induzindo-a a comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Eva cai na lábia do demônio travestido de réptil, come o fruto e depois leva
seu marido Adão a comê-lo também, completando assim o ato de desobediência para
com o seu Criador, que os havia proibido de comer do fruto daquela árvore.[4]
Deus se vinga dos
pérfidos desencaminhadores transformando-os em asquerosos répteis.[5] Nascem
desse ato os lagartos, os dragões, as salamandras,os sáurios, os crocodilos e
jacarés, os calangos e toda classe de animais que se arrastam pela terra sobre
seus próprios ventres. E quanto ao homem, tolo desencaminhado, embora sem
maldade, cabe-lhe a “culpa in vigilando” por não ter vigiado eficazmente a sua
mulher e por ter caído em sua lábia. Expulso desse lugar de delícias que era o
Eden, terá que trabalhar arduamente para ganhar a vida; e quanto á mulher, terá
que suportar as dores do parto para ter seus filhos.
Por isso Deus diz á
serpente desencaminhadora: “sobre teu ventre andarás e pó comerás todos os dias
da tua vida. E porei inimizade entre tu e a mulher, e entre a tua descendência
e a sua descendência; ela te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. [6]
Metáfora que quer dizer que os nossos sentidos estarão sempre chumbados á terra
(comendo pó) e que haverá sempre inimizade entre a nossa espiritualidade (a
mulher) e os nossos sentidos (a serpente). Enquanto ela nos “fere a cabeça”,
pois a nossa consciência anseia por um sentido maior para a vida, a serpente
nos “morde o calcanhar”, nos chamando de volta á terra, para o mundo da
sensibilidade.
Um pouco de História
Quem quiser
entender o Paraíso Perdido de Milton terá que fazer uma pequena incursão pela
história da Inglaterra na época em que essa monumental obra literária foi
escrita.
Estávamos em fins
do século XVII (1677), época mais intensa dos conflitos dinásticos e religiosos que mudaram a face da civilização ocidental. A Inglaterra
estava vivendo o rescaldo da guerra entre a realeza e o Parlamento, conflito
esse que acabou custando a vida do rei Carlos I, decapitado por ordem do
Parlamento, chefiado pelo pastor conservador-fundamentalista Olivério Crommwel.
A Inglaterra teria, nesse episódio, um breve período de experiência
republicana, mas a tradição da monarquia é um arquétipo tão entranhado na
psique do povo inglês, que a simples eliminação do monarca não aplacou o
conflito e ele logo voltaria a sacudir a nação inglesa. Em conseqüência, a
monarquia também logo seria reconstituída.
Esse foi o pano de
fundo para a magistral adaptação que John Milton fez do mito bíblico para figurar
um momento da história que estava sendo vivido pelo mundo ocidental justamente
naquela época. Milton era católico e apoiava a revolução puritana. Chegou mesmo
a trabalhar no ministério de Crommwel. A Europa toda vivia um momento de
intensa ebulição espiritual, com as doutrinas reformistas que ganhavam terreno
em todas as classes sociais. Com as guerras religiosas começou o êxodo dos
puritanos (os protestantes mais ferrenhos) para a América, que era pintada na
mídia da época como sendo a nova terra da promessa, o paraíso prometido.
Em paralelo, uma
surda guerra intelectual era traçada nos meios de comunicação pela posse da
consciência dos homens. De um lado os portadores da promessa de um novo mundo
para aqueles que se convertessem às novas idéias propostas pelos reformistas (e
pelos iluministas que já nessa época iniciavam a divulgação dos seus
postulados) e de outro os partidários da antiga ordem (o catolicismo e o
anglicismo reformado), que contra atacavam com a Inquisição e as ameaças de uma
eterna condenação para aqueles que se afastassem da verdadeira fé. Era,
portanto, um mundo de conflitos, tanto na política quanto na religião. Uma
reedição, agora literalmente fática, da guerra entre os anjos e os demônios,
que a cosmogonia judaica havia desenvolvido. Por outro lado, o fim do século
XVII é a época em que mais intensamente as chamadas doutrinas ocultas seduziram
o espírito dos intelectuais.
É dessa época o
fenômeno Rosa-Cruz, genial farsa intelectual perpetrada por filósofos
ocultistas (na maioria alquimistas) para dar ao mundo a ilusão de que eles eram
os depositários de um segredo capaz de levar a humanidade de novo ao paraíso
perdido. É desse tempo também a maioria das obras literárias que versam sobre a
utopia política, social ou meramente filosófica, que vários autores
imaginaram.[7] É nesse tempo, finalmente, que nascem as associações, como a
Real Sociedade inglesa, antecessora da Maçonaria inglêsa, cujo objetivo era a
realização (espiritual e física) desse sonho do homem, através da instituição
de uma sociedade justa e perfeita, na qual os homens pudessem viver em
liberdade, com igualdade e fraternidade.[8]
O Paraíso Perdido- Uma obra cabalística
Na obra de Milton
encontramos todas as dúvidas e certezas psíquicas e religiosas do espírito do
homem, espremido entre uma concepção gnóstica-cabalista-católica do mundo e o
desejo de influir nele com seu trabalho e inteligência, trazido pela reforma
protestante, principalmente com a propagação da chamada “ética calvinista”.
Pois foi exatamente essa a ideia que os reformadores protestantes
(especialmente Calvino e Wesley) trouxeram para o debate que então se formou
entre protestantes e católicos. E nesse meio os judeus cabalistas com a ideia
de que a salvação do homem dependia somente da sua própria ação no mundo, como
pregava o mestre Isaac Luria, com sua noção de carma e reencarnação, moldada em
um processo (o Tikun) cuja finalidade era exatamente a de promover o equilíbrio
cósmico, prejudicado pelo pecado de Adão.
.
Foi essa salada
cultural que deu nascimento á Maçonaria moderna e também a outras sociedades
que adotaram teses que ainda hoje são professadas por muitas correntes de
pensamento, como a Teosofia, a Antroposofia, a moderna Gnose e a Sociedade
Rosa-Cruz institucionalizada. Nessas concepções encontraremos inclusive a
curiosa tese de que a rebelião de Satanás (ou Lúcifer, segundo a Cabala, já que
nessa tradição ambos são uma mesma entidade), representa, na verdade, um grito
de liberdade dado pelos homens contra um Senhor cruel e opressor ( o deus
hebreu). Pois era assim que algumas seitas gnósticas, consideradas heréticas
pelo Cristianismo oficial, viam o Deus do Velho Testamento.[9] E nessa
concepção, Jesus também era visto como um líder que lutou contra essa opressão.
Para esses pensadores gnósticos, o verdadeiro Cristianismo passava ao largo do
catolicismo e do protestantismo, pois nenhuma dessas concepções representava a
verdadeira doutrina de Jesus. Para eles, tanto a Igreja Católica quanto os
reformistas protestantes nada mais faziam do que defender uma doutrina que
havia contribuído para escravizar o corpo e o espírito dos homens.
Dessa forma, os
anjos caídos não eram, na verdade, demônios, mas arautos da liberdade. Nesse
sentido, a rebelião dos anjos não passa por ser um pecado contra a ordem de
Deus, mas sim um evento glorioso. E a queda do homem não é uma desgraça, mas
sim uma oportunidade para ele se exaltar.[10]
Essa idéia, Milton
também a exprime num dos mais inspirados versos do seu grande poema, quando o
Arcanjo Gabriel, no momento da expulsão, diz a Adão: “Ajunta ao teu
conhecimento ações louváveis, ajunta a fé, a virtude e a paciência, a
temperança, ajunta o amor, chamado no futuro caridade, alma de tudo o mais;
então não te lastimarás de deixar este Paraíso, pois que possuirás em ti mesmo
um paraíso muito mais feliz.” [11]
E
ele termina o poema, não com a tristeza de um casal desterrado e privado da sua
felicidade, mas com a romântica imagem de um par que tem o mundo todo à sua
frente para encontrar o Seu Porvir : “ O mundo todo estava diante deles, para
escolherem, lá,um lugar para o seu descanso. A Providência era o seu guia.De
mãos dadas, com passos incertos e lentos, tomaram, através do Éden, o seu
caminho solitário.” [12]
E foi assim que a
história do homem livre começou. Por isso, diz a Cabala, a missão do homem é
reconstituir a ordem cósmica quebrada pelo pecado de Adão. Uma ideia muito a
gosto dos maçons, porquanto a tarefa da Maçonaria, como diziam os seus mais
antigos organizadores, era colocar “Ordo ab Chaos”, ou seja, a ordem no caos.
Essa era, também, a principal divisa do Iluminismo. A Liberdade, a Igualdade e
a Fraternidade. Exercidas com a responsabilidade do livre arbítrio, sendo cada
homem o seu próprio Messias.
Visto o momento
caótico que estamos vivendo nos dias de hoje talvez fosse oportuno relembrarmos
um pouco as nossas origens e fazermos uma digressão pela história para ver onde
é que nós nos perdemos, e daí recomeçar, quem sabe, pelo caminho certo. Porque,
mesmo que o paraíso bíblico seja apenas uma metáfora, o nosso espírito jamais
se cansará de almejá-lo.
[1] Nihilismo é a doutrina filosófica que
coloca o questionamento do sentido da vida perante um universo que parece ser
indiferente á tudo que nos acontece. É uma atitude de pessimismo e ceticismo
perante a possibilidade de que a vida tenha aparecido no mundo para cumprir
algum propósito. Nega todos os princípios religiosos, políticos e sociais,
definindo-os apenas como atitudes dos sentidos, dirigidos para a necessidade de
preencher o vazio da existência. Este conceito teve origem na palavra latina
nihil, que significa "nada". O principal arauto dessa doutrina foi o
filosofo alemão Nietszche. Sartre retomou esse tema nas suas obras “ O Ser e o
Nada” e “a Náusea”.
[2] Corroborando
essa assertiva, a moderna ciência neurológica diz que a mais primitiva formação
cerebral do ser humano foi a do réptil. Ver, nesse sentido, Daniel Coleman-
Inteligência Emocional, Ed. Objetiva, 2006.
[3] Vide o
Apocalise de São João.
[4] Para Freud essa
metáfora se refere ao despertar do Ego do ser humano, o qual ainda é muito
influenciado pelo instinto animal, ligado á fase reptiliana do cérebro. Ver
nesse sentido, Leonora Leet- A Kabbalah da Alma, Madras, 2006.
[5] Por isso Deus
diz á serpente desencaminhadora: “sobre teu ventre andarás e pó comerás todos
os dias da tua vida. E porei inimizade entre tu e a mulher, e entre a tua
descendência e a sua descendência; ela te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o
calcanhar”. Metáfora que quer dizer que
os nossos sentidos estarão sempre chumbados á terra (comendo pó) e que haverá
sempre inimizade entre a nossa espiritualidade (a mulher) e os nossos sentidos
(a serpente). Enquanto ela nos “fere a cabeça”, pois a nossa consciência anseia
por um sentido maior para a vida, a serpente nos “morde o calcanhar”, nos
chamando de volta á terra, para o mundo da sensibilidade.
[6] Bíblia
hebraica- Gênesis, 3:14
[7] Entre eles
Giordarno Bruno, Voltaire, Tomaso Campanella, Francis Bacon, Erasmo de Roterdã
e o próprio John Milton com o seu Paraíso Perdido.
[8] Ver, nesse
sentido, o discurso do Cavaleiro André Michel de Ramsay, pronunciado em 1736
aos maçons franceses, por ocasião da instituição do Rito Escocês nas Lojas
maçônicas da França.
[9] Tese que seria
retomada por Nietzsche e que serviu de inspiração para o acirrado
anti-semitismo que os alemães desenvolveram contra os judeus.
[10] Vide a esse
respeito, Robert Ambelain, A Franco Maçonaria. São Paulo, Ed. Ibrasa, 1999.
[11] O Paraíso Perdido-
Ed. Circulo do Livro, 1986
[12] Idem.
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