Isaac
Newton é o seu nome, e a sua Obra a primeira dedução que a razão conseguiu dar
do Universo em que estamos mergulhados.
Mais
do que descrever o trabalho de Newton, julgo que será mais enriquecedor
enquadrá-lo numa corda unificadora do tempo, como aquela que envolve todos nós,
tentando fazer uma pobre reflexão sobre donde viemos, aonde julgamos que chegamos
e para onde caminhamos.
O
Universo, em que a Terra representa uma partícula tão pequena quanto um grão de
areia numa praia muito, muito extensa, rege-se por um conjunto de mecanismos
que os homens sonham algum dia entender.
É
a procura do entendimento destes mecanismos que faz com que possamos dizer que
há um pensamento antes de Newton e um pensamento após Newton.
De
facto, até Newton, desde Euclides, Anaximandro de Estrabão e Aristóteles na
antiguidade Clássica, passando por Nicolau Copérnico, Tycho Brae, Galileu
Galilei, Joannus Kepler, já durante o Renascimento e o Barroco, todos tentaram
deduzir as equações do movimento e da interação dos corpos, a partir de
sistemáticas observações diretas. Para todos eles as leis que deduziam sobre o
movimento e interação dos corpos, eram consequência de, aturadas, observações
diretas dos eventos. Kepler passou uma vida inteira a caminhar para uma torre
que tinha junto de sua casa, de onde observava e registava a trajetória dos
astros durante longas noites, demonstrando uma devoção à ciência, como poucos o
fizeram. É precisamente sobre a chamada terceira lei de Kepler que Newton vai
desenvolver um trabalho notável, que iria revolucionar toda a ciência, com
implicações que ainda hoje e para todo o sempre se farão sentir.
Mas
porquê este impacto tão grande e o que é que Newton fez que outros não tinham
conseguido fazer?!
Isaac
Newton foi criado pelos avós, já que seu pai morreu pouco antes do seu
nascimento. Estava talhado, segundo o desejo de sua mãe, para tomar conta das
propriedades da sua família em Woolsthorpe no Linconshire, propriedades essas
deixadas pelo seu falecido pai, homem abastado, mas quase analfabeto, com uma
grande maioria naquela época, mesmo entre os mais abastados. Felizmente para
todos nós que um tio seu (irmão da mãe) e o Reitor da escola local, conseguiram
convencer a sua mãe, que seria muito importante mandá-lo para a Universidade,
tais as suas capacidades.
Ingressou
no Trinity Colledge da Universidade de Cambridge, onde, até aos 22 anos,
demonstrou ser uma completa nulidade no plano curricular, onde deveria estudar
Filosofia e Direito. É, no entanto, durante este período que, à margem do
ensino curricular estabelecido, o recém-empossado na Cátedra Lucasiana de
Matemática, Isaac Burrow, lhe dá acesso a obras que permitem entender desde a
Geometria Euclidiana, até, à data, os mais recentes trabalhos de Kepler. Para
melhor entendermos a importância da percepção que Burrow terá tido para dar
acesso a esta (in)formação a Newton, é necessário ter em conta que esta cátedra
que se mantém há mais de 300 Anos, foi decretada por Carlos II, em 1664,
cumprindo o desejo de Henry Lucas, professor representante da Universidade de
Cambridge no Parlamento, que legou àquela Universidade os seus 4 000 Livros de
ciência, pedindo como contrapartida, a criação desta cátedra que deveria ser
ocupada por personalidade reconhecida e sem ligações à Igreja.
Olhando
para algumas das personalidades, poderemos dizer que os seus desejos foram
cumpridos já que desde Newton (que sucedeu a Burrow) a Charles Babadge, em
1828, o pai da máquina analítica como pai da computação moderna, a Paul Dirac,
em 1932, cujo trabalho está na origem da Mecânica Quântica e da percepção da
existência da anti-matéria, a Stephan Hawkings até Outubro de 2009 e,
actualmente, Michael Green um dos autores da teoria das cordas e ambos com
trabalho na busca de teoria unificadora do campo electromagnético e do campo
gravítico.
Newton
é um dos mais ilustres ocupantes desta cátedra, porque com as bases matemáticas
adquiridas pela consulta das obras e, eventualmente, com o apoio de Burrow, vai
desenvolver de forma quase sobrenatural, novas ferramentas matemáticas que
suportarão a sua teoria da Gravitação Universal.
Em
1665, com 22 anos, volta para casa, porque alastra em toda a Inglaterra a peste
negra e a Universidade é encerrada.
E
durante dois anos, com as bases matemáticas que resultavam do que tinha
estudado por sua conta, vai desenvolver as “series and fluxions”, que hoje
conhecemos como cálculo diferencial e integral e ainda vai postular, aquilo que
hoje sabemos ser, a natureza ondulatória da luz e a sua composição
multiespectral.
A
partir daqui, com o reconhecimento que passaria a ter, vai continuar os seus
trabalhos na sua Universidade, que culmina na publicação do Philosophiae
Naturalis Principia Mathematica em 1687, explanará as suas famosas três leis do
movimento e a Lei da Gravitação Universal, além de correlacionar fenómenos como
a excentricidade das orbitas dos planetas, as variações das marés ou a
influência gravítica do Sol nos movimentos da Lua. Esta obra é considerada, por
muitos, a mais importante publicação científica da Humanidade.
Para
termos a ideia da importância e rigor dos trabalhos de Newton poderemos
mencionar, por exemplo, a previsão da existência do planeta Neptuno (à data
desconhecido)feita pelo matemático francês Urbain-Jean-Joseph le Verrier, em
1846, um fanático das teorias de Newton, com base na Teoria da Gravitação
Universal.
Este
cientista calculou o valor da excentricidade da orbita de Úrano entrando,
apenas, com a influência gravítica do Sol mais os restantes planetas, sobretudo,
Júpiter e Saturno ( os planetas mais próximos). O valor que encontrou só seria
correto caso existisse um planeta exterior a Úrano, tivesse determinadas
características e determinada posição. Comunicou essa previsão ao astrônomo Johan Galle do Observatório de Berlim e este, bastou-lhe uma hora, para
descobrir Neptuno com apenas 1º de desvio em relação aos dados de Verrier.
Quando
em 1905, Einstein publica a Teoria da Relatividade restrita, tem que esperar
dez anos e pedir apoio matemático, que pela primeira vez utiliza a Geometria
diferencial, para publicar a Teoria da Relatividade Geral, já que as Leis de
Gravitação de Newton, que Einstein tentava complementar, não explicavam
satisfatoriamente o facto de todos os corpos caírem para a Terra com a mesma aceleração
independentemente da sua massa. Essa aparente contradição só foi solucionada
com a noção de curvatura do espaço-tempo postulada na Relatividade Geral
recorrendo, como Newton, a novas ferramentas matemáticas. Isto mostra o
respeito que todos os físicos têm pelos trabalhos de Newton, obrigando Einstein
a abandonar a sua constante cosmológica da Relatividade Restrita para chegar à
Relatividade Geral, constante essa que apenas existiu porque nem Einstein punha
em causa o trabalho de Newton mais de duzentos anos antes. Mas era Einstein que
tinha razão e apenas é licito dizer que Einstein alargou para além do
impensável, também como Newton fizera, o conceito da Gravitação passando para
um patamar que, para nós, já não é tão óbvio, porque quando se lança um
foguetão para o espaço sideral, quando se criam sistemas de controle de
estabilidade num veículo, quando se calcula uma ponte ou o movimento de um
projétil, chega-nos (e sobra-nos) Isaac Newton.
O
conhecimento evolui pela dúvida sistemática e aquilo que é verdade hoje poderá
não o ser, totalmente, amanhã. Quando Einstein tentou que o Universo fosse
estático, cometendo um dos seus dois erros, logo surgiu um advogado útil ,
porque se tornou astrônomo, que veio mostra que as galáxias divergiam. O seu
nome, Edwin Hubble, é uma referência em toda a astronomia, que por sua vez não
ficou nada incomodado quando se postulou que as galáxias não se afastavam num
conceito de movimento de deslocação tradicional, mas estavam mais longe umas
das outras , porque se estava a criar Espaço entre elas, ao longo da linha do
tempo. Agora Stephan Hawkins, Feynman e Michael Green procuram a unificação do
Campo Electromagnético e Campo Gravítico, introduzindo o conceito de forças
nucleares fortes às forças que atuam a distâncias muito próximas no interior
dos átomos, e forças nucleares fracas que atuam a grandes distâncias como as
que separam os corpos celestes. A admiração que têm por todos os que os
antecederam é evidente em todas as suas obras ao longo do tempo.
O
futuro está ainda para lá dos 180º graus que o compasso abrange, mas o trabalho
de Newton perdurará para sempre na História da Física, que depois dele passou a
suportar-se na dedução teórica, recorrendo á sua ferramenta natural que é a
Matemática.
Hoje
podemos prever qual o resultado de experiências que só conseguiremos realizar
quando dominarmos a tecnologia necessária.
Foi
Newton que nos ajudou, muito, neste caminho.
Este
espírito de dúvida sistemática, de respeito e admiração pela obra dos que nos
precederam, que conseguiram tanto com tão poucos recursos. Este espírito de
humildade, tentando nunca ficar prisioneiro dos sentidos que, recorrentemente,
nos enganam. Este espírito que nos obriga a valorizar o trabalho sério,
desinteressado, quase missionário, não sucumbindo a génios fabricados numa
sociedade que se afirma cada vez mais pelo ter e não pelo ser, que permite,
até, comprar a genialidade.
É
este o espírito que o verdadeiro Maçom terá que incarnar.
Nós
somos o que sabemos, mas somos, sobretudo, a noção que fazemos da ignorância
que temos.
Isaac
Newton M:. M:.
1 Comentários
a biblia é a unica verdade que temos
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