Por
Ir\ Rafael Guerreiro
O PROFETA AMÓS |
O
Profeta Amós era um trabalhador braçal, um boiadeiro e cultivador de sicômoros
(árvores que geram um fruto parecido com o figo).
Ele
é originário da cidade de Tekua, aldeia situada há dez quilômetros ao sul de
Belém. É conhecido ainda como sendo um dos assim chamados “Profetas Menores”,
não por ter pouca importância, mas sim pela extensão de sua obra, considerada
pequena em vista de outros profetas da Bíblia, mas tão brilhante quanto as
outras.
O
seu ministério foi exercido no século VIII a.C. durante os reinados dos Reis
Uzias (ao sul de Israel) e Jeroboão II (ao norte de Israel). Sua obra foi
marcada por uma profunda crítica social e religiosa. Ele denunciou a
desigualdade social de seu tempo, bem como o uso idólatra da religião,
transformada em mero instrumento que serve à alienação e usada como fachada
para a iniquidade.
O
Profeta Amós é um revolucionário, um socialista de seu tempo que não se deixou
levar pelas aparências de um época marcada sobretudo pela prosperidade
material. Contudo, mesmo com abundância, o povo de Israel passou por uma
profunda inversão de valores, deixando-se levar pela soberba, ganância, luxúria
e todo tipo de perdições.
Dessa
forma, a obra de Amós é caracterizada pela crítica ao enriquecimento da
sociedade à custa dos pobres; ao suborno e corrupção de juízes nos tribunais; à
opressão, violência e à escravidão dos pobres; ao comportamento das mulheres
ricas, que para viverem no luxo, estimulavam seus maridos a oprimirem os fracos
etc. (1)
No
que toca à religião, Amós denuncia seu caráter meramente ritualístico e vazio.
Assim ele diz em seu livro: “Eu odeio, eu desprezo as vossas festas e não gosto
de vossas reuniões. Porque, se me ofereceis holocaustos...,não me agradam as
vossas oferendas e não olho para o sacrifico de vossos animais cevados. Afasta
de mim o ruído de teus cantos, eu não posso ouvir o som de tuas harpas! Que o
direito corra como a água e a justiça como um rio caudaloso”. (Am 5: 21-24)
E
dentro desse contexto de críticas, Amós, na terceira parte de seu livro, relata
cinco visões, sendo que a terceira delas interessa de forma particular à
maçonaria. Trata-se da visão do fio de prumo.
No
capítulo 7, versículos de 7 a 8, Amós assim relata: “Assim me fez ver: Eis que
o Senhor estava de pé sobre um muro e tinha sobre a sua mão um fio de prumo. E
Iahweh me disse: Que vês, Amós? Eu disse: Um fio de prumo. O senhor disse: Eis
que vou pôr um fio de prumo no meio do meu povo, Israel, não tornarei a
perdoá-lo. (Am 7: 7-8 – tradução da Bíblia de Jerusalém).
Ora,
é o Senhor mesmo Quem estava sobre o muro na visão de Amós. E o prumo que
segurava em Suas mãos é altamente revelador. Ele revela nossa intrínseca
tortuosidade, nosso desalinhamento e desequilíbrio moral.
Da
mesma forma como o pedreiro se utiliza do prumo para procurar falhas na obra em
que se debruça, assim se dá quando Deus coloca seu prumo em nossas vidas,
fazendo aparecerem todas as falhas, todas as misérias escondidas em nossos
olhares dissimulados, em nossas palavras vazias e em nossas ações e omissões egoístas.
Mas
o que é este prumo de Deus em nossas vidas? Será a Bíblia (ou qualquer outro
livro sagrado a que seguimos)? Será nosso caminho pessoal? Os padrões sociais e
políticos de nosso tempo? Nossa consciência?
A
Ordem maçônica tenta nos mostrar qual será esse prumo na vida particular de
cada maçom, transmitindo por meio de alegorias e símbolos antigos mistérios que
podem ser traduzidos em retidão moral e bons costumes para aquele que de fato
os persegue em seu íntimo construtor.
Mas
há um fato curioso nesta passagem. Nem mesmo Deus julgou aleatoriamente o seu
povo. Antes disso, Ele passou sobre nós o seu prumo sagrado, para que toda
falha fosse posta às claras. Assim, não cabe ao Homem passar seu prumo
particular na parede alheia, achando-se ridiculamente capaz de medir os erros
de seu irmão com medida própria. Não cabe em nós tamanho amor para realizar
essa tarefa de sublime construção da alma do nosso próximo. Isso é assunto
entre o Pai e seu filho, porque no prumo do homem há juízos e preconceitos,
medidas diferentes alicerçadas na miséria de nossa alma. Mas o prumo de Deus
contém a dádiva do arrependimento e a certeza da retidão no amor maior de Sua
caridade. (2)
O
prumo de Deus revela nossos pecados à luz do dia, não deixando nada a coberto.
E ao lançá-los à luz, Ele espera de nós tão somente humildade e trabalho para
quebrarmos nossos tijolos mal assentados e recomeçar nossa obra fundada na
promessa de que seguindo-O, encontraremos pela frente apenas consequências do
amor.
*Ir\Rafael
Guerreiro
ARLS
Três Colinas n. 69 – Franca (São Paulo, Brasil)
NOTAS:
1.
Extraído de:
http://judaismohumanista.ning.com/m/discussion?id=3531236%3ATopic%3A77;
2.
Extraído de: http://www.lojamontemoria.com.br/artigo.asp?cod=262;
Fonte:
Maçonaria.net
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