Chefe Maçônico?

*Por Irmão Sérgio Quirino
Irmão Sérgio Quirino
Um dos grandes entraves para o desenvolvimento dos trabalhos em Loja esta no comportamento que os Irmãos tomam após a posse nos cargos. Não estou falando especificamente do VM, devemos tomar muito cuidado com os outros “Chefes da Loja”. Alguns exemplos: O Orador é o “Chefe da Lei” não passa uma sessão sequer que não cite um artigo que possa punir algum Irmão. O Secretário é o “Chefe da Escrita”, seus balaústres são enormes devido a sua verborréia léxica: - Nosso querido Venerável Mestre, no momento adequado prescrito em nosso ritual anunciou que o resultado do Tronco de Solidariedade percorrido nas poderosas colunas dessa Oficina, rendeu a quantia de 8 quilos de medalhas cunhadas, transformadas pelo instalado na Cadeira de Salomão em 8 reais. O Mestre de Cerimônias é o “Chefe do Tempo”, circula em Loja como se estivesse carregando o ataúde de um presidente, um passo uma parada, um passo uma parada. Sem contar é claro os excessos de “luminosidade” dos dirigentes das Lojas e de outras dignidades e oficiais. Vamos tratar desse assunto não com a intenção de critica, afinal MAÇONS NÃO SE PREOCUPAM EM FAZER PARTE DOS PROBLEMAS, DEVEMOS FAZER PARTE DA SOLUÇÃO. O primeiro ponto é nos localizarmos, estamos em frente aos Irmãos ou ao lado deles? Em breve todas as Lojas estarão em plena força e vigor e só construíram algo positivo para a sociedade e para seus membros se todos compreenderem a transitoriedade dos cargos e a força do trabalho coletivo. Uma Loja Maçônica não tem chefe, quem tem chefe é índio! As Lojas devem ter líderes (observem o plural)! Líderes. Lojas que tem “chefes” estão sempre em desarmonias, já aquelas que valorizam as lideranças estão sempre edificando. Precisamos mudar o paradigma, o que vamos fazer e quem vai fazer. A regra deve ser ao contrário! Primeiro, QUEM VAI FAZER e depois O QUE VAI SER FEITO. O ponto de partida é descobrimos as qualidades e potenciais dos Irmãos e só aí então traçamos projetos exeqüíveis. Cada Obreiro no exercício de cargos deve dar o melhor de si, sem excesso, o mesmo sal que valoriza a comida, pode estragar a refeição. Uma Loja Maçônica é um laboratório onde temos condições especiais para experiências de liderança. Anualmente o Grande Conselho da Ordem DeMolay para o Estado de Minas Gerais promove um Curso de Líderes para nossos sobrinhos, este ano para uma platéia de mais 180 DeMolays nosso Irmão André Tomé (www.andretome.com.br) brilhantemente nos ensinou muitas coisas que gostaria de compartilhar com os Irmãos, que os mesmo reflitam e ponham em prática:
  • Se você ainda tem chefe é porque está no tempo das cavernas
  • Dar o melhor de si e servir de exemplo
  • Primeiro aprendemos a ouvir, depois a falar. Ouça seus liderados
  • Seja líder de si mesmo; conheça seus sentimentos
  • Aprenda a gostar das pessoas, para lidar com pessoas é necessário ter sempre visão positiva
  • Respeite o posicionamento de cada um, as divergências produzem questionamentos que culminam em mudanças
  • Esteja livre de problemas pessoais em seu ambiente de liderança, resolva suas questões internas antes de tentar resolver os problemas alheios
  • “Mãos na massa” – os conselhos motivam, mas os exemplos arrastam pessoas. Participe ativamente das atividades

Mantenha o foco nos trabalhos, conheça nossas regras, saiba o momento e o assunto certo a ser tratado. O mais antigo documento comprovadamente maçônico no mundo é conhecido como “Carta de Bolonha” é datado de 1248. Seu nome original é “Statuta et Ordinamenta Societatis Magistrorum Tapia et Lignamilis”. Foi redigido originalmente em latim por um escrivão público, sob ordem do Prefeito de Bolonha, Bonifaci di Cario. Em seu conteúdo fica claro que essa Maçonaria Operativa Italiana já era tradicional, antiga, contendo sólida estrutura e hierarquia, bem anterior à data de registro da Carta. Encerro este artigo alertando os “Chefes do Ego”, aqueles Irmãos que em toda reunião tem que se manifestar e invariavelmente a palavrinha “eu” apresenta-se inúmeras vezes, a eles invoco o 25º artigo da Carta de Bolonha.
XXV - Que não se deve levantar em uma reunião de mestres para dar seu parecer mais que sobre o que for proposto pelos oficiais ou pelo maceiro
Estatuímos e ordenamos que ninguém da sociedade deva se levantar para falar e dar sua opinião em uma reunião mais que sobre o que for proposto pelos oficiais ou pelo maceiro. E quem transgredir [esta regra], que seja sancionado em 12 soldos bolonheses, e que pague sem restrição esta soma ou que se lhe empenhe.

*O Irmão Sérgio Quirino Guimarães é Delegado Geral Adjunto – GLMMG 


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