Cáritas e São Francisco de Assis

*Artigo do Grão Mestre do GOB-GO  Barbosa Nunes 

Barbosa Nunes
Há textos produzidos com profunda sabedoria, que nascem em fontes transbordantes de fé e inspirados com a presença de Deus. Nada mais me envolve que uma poesia, uma crônica, um discurso, uma prece, quando então navego no meu mundo interior, conduzido por ondas espiritualizadas, de águas cristalinas e de mansidão. O meu cérebro recebe estes ensinamentos que se difundem pelo meu corpo. Através deles, faço minhas comunicações com outros espaços. Dispo-me da materialidade deste mundo e quando encerro suas leituras, retorno melhor, para buscar ultrapassar as dificuldades.
A prece, oração ou reza é a busca do núcleo da sabedoria, Deus. Que colocamos em nossas mentes com vibrações harmoniosas.
Assim é que, minha inspiração nesta semana voltou-se para duas leituras, repetidamente feitas em minha vida e certamente por inúmeros amigos leitores, textos irradiados por luzes permanentes, resistentes ao tempo e com certeza eternos.
O primeiro veio há quase duzentos anos, exatamente numa noite de Natal, ano de 1873, psicografada na França pela médium Madame W. Krell, na cidade de Bordeaux, ela uma das maiores psicógrafas da história do espiritismo, ditada pelo espírito “Cáritas” que foi martirizada em Roma no ano de 305, segundo pesquisas.

Concentre-se neste belo texto que é divino.
“Deus nosso Pai, que tendes poder e bondade, dai força àquele que passa pela provação, dai luz àquele que procura a verdade, ponde no coração do homem a compaixão e a caridade. Deus, dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso. Pai, dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, ao órfão o pai. Senhor, que a vossa bondade se estenda sobre tudo que criastes.
Piedade, meu Deus, para aquele que vos não conhece; esperança para aquele que sofre. Que a Vossa bondade permita aos Espíritos consoladores derramarem por toda a parte a paz, a esperança e a fé. Deus, um raio de luz, uma centelha do Vosso amor pode iluminar a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita e todas as lágrimas secarão, todas as dores acalmar-se-ão; um só coração, um só pensamento, subirão até vós, como um grito de reconhecimento e amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós vos esperamos com os braços abertos, oh! poder, oh! bondade, oh! beleza, oh! perfeição, e queremos de algum modo alcançar a vossa misericórdia. Deus, dai-nos a força de ajudar o progresso a fim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão, dai-nos a simplicidade que fará das nossas almas o espelho onde se deve refletir a Vossa Imagem”
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Outra página que completou 100 anos, em outubro de 2012 foi a Oração da Paz, que passou a ser denominada Oração de São Francisco de Assis, de origem anônima, tendo aparecido inicialmente em 1912, num boletim em Paris e impressa em Roma no ano de 1916, numa folha em que um verso estava a oração e no outro uma figura de São Francisco.
Por esta associação e pelo fato de que o texto reflete o franciscanismo, a oração começou a ser divulgada como se fosse de autoria do próprio santo. No Brasil a versão mais antiga foi publicada em anais da Câmara dos Deputados do Brasil, em 1957.
Madre Teresa de Calcutá a recitou em 1979 em Oslo, quando recebeu o Prêmio Nobel da Paz. D Hélder Câmara, fez sua inclusão nas “Páginas do Caminho para as comunidades abramíticas”. Margaret Tacher recitou uma parte dela em 1979, quando de sua nomeação como Primeira Ministra. O bispo anglicano Desmond Tutu, Nobel da Paz em 1984, confessou que ela fazia parte integrante de sua devoção. Bill Clinton a inseriu no discurso de saudação a João Paulo II, em Nova York, em 1995, dizendo que “muitos americanos católicos ou não, a tem no seu bolso, na bolsa ou em suas agendas”.
Traduzida em todas as línguas continua no âmbito de numerosíssimos encontros religiosos, literários e políticos e foi declamada no Conselho Ecumênico das Igrejas em 1986, quando do encontro dos representantes de todas as religiões, na abertura do Congresso Ecumênico Europeu, organizado pelo Papa João Paulo II. É ecumênica e expressão de sentimento universal. Concentre-se nela também.

”Senhor, fazei-me um instrumento de Vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. E onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compreender que ser compreendido, amar que ser amado, pois, é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado; e é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Que a Paz de Deus esteja com vocês todos que me distinguem com suas qualificadas leituras.

*Barbosa Nunes, advogado, ex-radialista, delegado de polícia aposentado, professor e Grão Mestre da Maçonaria Grande Oriente do Estado de Goiás – barbosanunes@terra.com.br.

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