Relação entre circo e Maçonaria é mais estreita do que parece

Fonte: Rede Colmeia
Roger Avanzi caracterizado
como o palhaço Picolino
 
Relação entre circo e Maçonaria é mais estreita do que parece. Roger Avanzi, o palhaço Picolino, já perdeu a conta do número de vezes que foi homenageado e lembra com orgulho do dia em que ganhou cada medalha de honra ao mérito. Todo esse reconhecimento, porém, foi dado bem longe do picadeiro. Tinha a ver com a trajetória como maçom, nome dado aos integrantes de uma ordem iniciática e filosófica. "Integrei a ordem durante a Segunda Guerra Mundial, por intermédio de um tio", conta o artista de 89 anos. O retrato de Picolino esta pendurado na galeria de imortais maçônicos ao lado de outro circense, o palhaço Arrelia. "Acho que é por causa da minha idade." 
A humildade com que comenta a homenagem esconde seu envolvimento com a maçonaria, onde possui um dos mais altos graus. "Para ser palhaço é preciso ter alma forte e nervos de aço. A maçonaria me ajudou muito a praticar isso e a melhorar internamente", justifica. Além dos ensinamentos espirituais, a maçonaria representou uma grande ajuda ao desenvolvimento do circo no Brasil. Por funcionar como uma irmandade, os circenses integrantes tiveram, muitas vezes, facilitada a instalação de suas lonas nas cidades que contratavam suas apresentações. "Maçons integrantes de núcleos da sociedade como o comércio e a prefeitura locais facilitavam diante dos impedimentos burocráticos e da oposição da igreja católica, que via o circo como coisa do diabo", conta a pesquisadora Ermínia Silva, autora do livro "Circo-Teatro".Em contrapartida, os donos de circo contribuíam com a maçonaria através da doação de uma parte da bilheteria para construir templos maçons nas cidades por onde passavam. Distribuição de ingressos em comunidades carentes também é uma prática comum.
 Franco Alves Monteiro, o palhaço Xuxu, conta que em toda cidade em que chegava com seu circo sempre separava um bolo de ingressos para seus companheiros distribuírem entre quem não tinha dinheiro e queria assistir ao espetáculo. Um dia, infelizmente ele precisou da ajuda que sempre ofereceu. No trajeto rumo à próxima praça em que se apresentaria, o caminhão que levava todo seu equipamento capotou na estrada. Antes mesmo de chegar ao local do acidente, todas as providências já haviam sido tomadas. "Na época, o prefeito da cidade era maçom e deixou um caminhão novo no circo até eu consertar o meu." Sem essa ajuda, Xuxu não sabe como daria continuidade às apresentações do circo. Esse universo secreto e misterioso também sempre fascinou Antônio Stankowich, de 75 anos. "Gostava de ver o pessoal da maçonaria todo bem vestido na plateia." O dono de circo, porém, teve seu ingresso na ordem negado por três vezes. "O motivo era que não tinha um endereço fixo", explica. Hoje, Stankowich pertence a um dos mais altos graus da ordem. "Vi como a maçonaria é praticada no Brasil inteiro."

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