Reino Unido se prepara para votar reforma eleitoral

De hoje até 5 de maio, o primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron (foto), e seu vice, o liberal democrata Nick Clegg, estarão em lados opostos. No início do próximo mês, os britânicos vão às urnas decidir se querem ou não modificar o sistema eleitoral vigente para o Parlamento. Os conservadores querem manter o sistema atual, no qual o eleitor escolhe um candidato e vence, por distrito, o mais votado. O sistema que os liberais democratas sugerem prevê que eleitor faça um ranking de candidatos. Se ninguém obtiver maioria, o último candidato é eliminado e, aí, são contados os votos que os eleitores do último colocado deram aos outros candidatos. Isso ocorreria até que um candidato conquistasse a maioria dos votos.

Para Cameron, o referendo é um incômodo monstruoso. Ele e seu partido rejeitam qualquer mudança pois acreditam que teriam dificuldades para conseguir formar um governo puramente conservador no futuro. Mas o premiê teve que aceitar a realização do referendo para atrair Clegg para a coalizão que hoje governa o Reino Unido. Para os liberais democratas, o sistema atual é o incômodo, pois seria uma das razões de a política britânica estar polarizada entre trabalhistas e conservadores. Andrew Rawnsley, colunista do The Guardian, explica o drama que vivem Cameron e Clegg:

As ambições de longo prazo tanto do primeiro-ministro quanto de seu vice dependem da coalizão continuar existindo. Uma vez que as eleições acabem, eles precisam ser capazes de tirar as luvas e dar risadas no vestiário. O desafio dos dois é passar pela briga de uma eleição sem que alguém diga alguma coisa tão imperdoável que provoque um dano irreperável ao governo.
Em seguida, o colunista dá sua opinião a favor do voto alternativo, nome dado ao sistema proposto pelos liberais democratas. Segundo ele por ser um sistema capaz de modernizar a política britânica.

O voto alternativo oferece uma melhora moderada, incrementada e de fácil introdução e entendimento em um obsoleto, injusto e quebrado sistema ‘o primeiro que chegar’ [o nome do sistema atual]. Ele daria ao Reino Unido um sistema eleitoral mais apropriado e suscetível à forma que a maior parte das pessoas faz suas escolhas políticas no início do século 21. Os eleitores não devem ter medo do voto alternativo e têm algumas coisas a ganhar. Em contrapartida, os políticos têm muito a temer. Para eles, é uma luta de poder crua, primitiva e existencial sobre poder”
Ao que parece, os conservadores estão tendo sucesso em convencer seus eleitores que o status quo é a melhor opção, e que a luta pelo poder está acima da necessidade de tornar a política nacional mais plural. Uma pesquisa divulgada nesta segunda, também pelo Guardian, mostra que o voto pelo “não” está 16 pontos porcentuais à frente nas pesquisas de opinião. Entre os conservadores, 75% votam não, mas entre os trabalhistas – que estão fora do governo, mas também são beneficiados pelo sistema atual – a maioria também prefere o “primeiro que chegar”. Pelo visto, Nick Clegg terá um duro trabalho pela frente.

José Antonio Lima

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