Confronto entre Coreias deixa ao menos um morto e 15 feridos

A Coreia do Norte disparou nesta terça-feira em torno de 200 peças de artilharia contra uma ilha sul-coreana, que mataram ao menos soldado e deixaram cerca de 15 feridos, provocando uma resposta imediata da Coreia do Sul e um aumento da tensão após a revelação de um novo programa de enriquecimento de urânio de Pyongyang.

O Exército da Coreia do Sul entrou em estado de alerta, em um dos maiores bombardeios desde que a guerra entre as duas Coreias acabou em 1953. Caças de combate F-15 e F-16 sul-coreanos já foram enviados à região.

A artilharia caiu sobre a ilha de Yeonpyeong, que tem 1.000 habitantes, localizada no Mar Amarelo, em uma área disputada pelas duas Coreias e que já registrou incidentes no passado.



Os disparos foram executados dois dias depois que um cientista americano revelou a existência de um novo programa de enriquecimento de urânio na Coreia do Norte, o que aumentou a tensão e a preocupação de Washington e de seus aliados.

A China manifestou preocupação com o ataque e qualificou de "imperativa" a necessidade de retomada das negociações multilaterais - que envolvem as duas Coreias, Estados Unidos, Rússia, Japão e China. A Rússia advertiu para o risco de uma "escalada" na península coreana.

O Estado-Maior sul-coreano confirmou que várias peças de artilharia atingiram a ilha, que tem a presença de um destacamento militar, e outras caíram no mar.

Os militares sul-coreanos responderam aos disparos do país vizinho, anunciou o ministério da Defesa de Seul, que determinou alerta máximo a suas tropas.

"Uma unidade de artilharia executou disparos de provocação às 14h34 (3H34 de Brasília) e as tropas sul-coreanas responderam imediatamente", afirmou à France Presse uma fonte do ministério.

As forças sul-coreanas responderam com 80 disparos, segundo o ministro da Defesa, Kim Tae-Young.

"As Forças Armadas estavam executando exercícios navais e o Norte parece ter disparado para demonstrar sua oposição", declarou uma fonte militar ao canal YTN.

O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-Bak, convocou uma reunião de emergência."Agora mesmo está em uma sala subterrânea para abordar as respostas possíveis com seus ministros e conselheiros de segurança", afirmou o porta-voz da presidência.

"O presidente Lee ordenou aos comandantes que administrem a situação da melhor maneira possível para evitar uma escalada", completou a mesma fonte.

"Pelo menos 10 casas pegaram fogo. Recebemos a ordem de abandonar nossa casas", disse Lee Jong-Sik, outro habitante da ilha.

"Estava em casa e ouvi uma barulho muito forte do lado de fora. Quando saí, a ilha toda estava em chamas", declarou outro morador, citado pela agência de notícias Yonhap.

Uma testemnhunha disse que os habitantes foram levados para áreas consideradas seguras durante o bombardeio. Os disparos coincidem com a presença na região do enviado americano para a Coreia do Norte, Stephen Bosworth, que deve viajar de Tóquio a Pequim nesta terça-feira para debater com as autoridades chinesas a política nuclear norte-coreana, depois das revelações de uma nova usina de enriquecimento de urânio de Pyongyang.

O Banco Central da Coreia do Sul disse que fará uma reunião extraordinária nesta terça-feira para verificar os impactos financeiros do ataque.

A ilha de Yeonpyeong fica ao sul da linha de fronteira decretada pela ONU após a Guerra da Coreia (1950-1953), mas fica ao norte da linha reivindicada por Pyongyang.

Na mesma região foram registrados graves incidentes navais em 1999, 2002 e novembro de 2009.

PRESSÃO

O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, optou nesta terça-feira pelo comedimento para evitar uma escalada na tensão após o ataque norte-coreano com fogo de artilharia a uma ilha sul-coreana no litoral ocidental, em ataque que deixou vários feridos.

"Devemos conduzir com cuidado a situação para evitar a escalada de um choque", indicou Lee, citado por um porta-voz do Escritório Presidencial sul-coreano, pouco depois de a Coreia do Norte ter realizado várias rodadas de disparos de artilharia em direção ao território sul-coreano.

As declarações foram dadas antes da reunião de emergência do presidente sul-coreano com vários ministros no escritório presidencial.

O porta-voz também disse que Lee se interessou pelo estado dos feridos, alguns deles com quadros graves, e pediu todos os esforços para salvar suas vidas.

O Escritório Presidencial suspeita que o ataque possa ser uma resposta aos exercícios rotineiros da Coreia do Sul no litoral ocidental, perto da fronteira norte-coreana.

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