Por João Anatalino
Entre as seitas que
mais influenciaram nas tradições maçônicas encontramos os judeus denominados
cainitas, tidos por muitos autores maçons como os verdadeiros criadores da
Lenda de Hiram. Os cainitas constituíram diversas seitas místicas, preenchidas
principalmente por judeus cabalistas, que procuravam compatibilizar antigas
tradições judaicas com ensinamentos cristãos, especialmente aqueles veiculados
pelos chamados cristãos gnósticos. A denominação “cainita” vem do fato de eles
considerarem-se descendentes diretos de Adão, através de Cain, de cuja geração
saiu Tubalcain, mestre artesão, hábil trabalhador de martelo e fundidor de
obras de bronze, segundo a Bíblia.[1]
Os cainitas
desenvolveram uma tradição, segundo a qual Cain era filho adulterino de Eva com
um anjo rebelde de nome Samael. Essa tradição, que faz parte do
Sepher-ha-Zhoar, o livro base da Cabala judaica, atribui á estirpe de Cain uma
família de demônios, entre os quais figuram as irmãs de Tubalcain, Noema e
Lilith, famosas demônios fêmeas da tradição cabalística.
O personagem que os
maçons conhecem por Hiram é de difícil caracterização. Nas crônicas bíblicas
ele é citado duas vezes: Em Reis- 13, ele é referido como sendo um israelita da
tribo de Naftali, perito fundidor de obras de bronze; mas já nas Crônicas
(Paralipômenos), ele é referido como sendo filho de uma mulher da tribo de Dan,
perito, não só em fundição de metais, como também na confecção de obras de
madeira, tecelagem , escultura etc.
Dessa forma, Hiram
aparece na Bíblia como profissional ligado á tradição dos fundidores, dos
metalúrgicos, dos “sopradores”, (como eram conhecidos, na Idade Média, os
trabalhadores de forja), informação essa que o remete a Tubalcain, e por via
direta á Cain, o filho amaldiçoado de Adão.
Robert Ambelain se
refere ainda á tradição que faz de Séfora, a esposa de Moisés, uma cainita,
pois que ela era filha de Jetro de Madian, líder de um importante centro de
fundição de metais, localizado no oásis que leva aquele nome. Dessa fonte
cainita Moisés teria recebido os ensinamentos secretos (iniciáticos) que não se
encontram expostos na Torá, mas que foram repassados por tradição oral aos
sacerdotes levitas e conservados pelos essênios, que por sua vez os legaram aos
cainitas cristãos. E estes, em conseqüência, os desenvolveram no corpo
doutrinário que se convencionou chamar de Cabala, cujo conteúdo está exposto no
Zhoar.
A esse respeito,
diz o texto de Ambelain: “Hiram, por seu pai Ur, descende de Tubalcain, e
por ele, em linha direta, de Cain e Samael. Este, na tradição judaica, é o Anjo
Rebelde, o Tentador, o Anjo da Morte e por morte ritual a Maçonaria sacraliza o
profano) (...) Dessa estranha tradição nasceu um costume, o de denominar “vale”
o lugar onde se reunissem certos altos graus da Maçonaria (....) No século
XVIII um grupo (de maçons) tomou o nome de “ Filhos do Vale”. Num dos altos
graus maçônicos, onde os membros se reúnem num “vale”, o presidente da Loja
leva o nome de “ sapientíssimo Athersatha”, (....) Esse nome, traduzido do
hebraico, significa “Prodigioso fundidor do deus forte” [2]
Portanto, a
lenda de Hiram, que teria, segundo Ambelain, sido introduzida na Maçonaria
através dos“ maçons aceitos”, entre os quais haviam inúmeros judeus, é de
clara inspiração gnóstica-cabalística
Da mesma
forma que ela é uma adaptação do drama osírico, as analogias que mais tarde se
fizeram entre ela e Paixão de Cristo são frutos da licenciosidade
interpretativa que as alegorias desse tipo permitem aos espíritos de imaginação
fértil. E esse talvez tenha sido o objetivo de seus formuladores, já que, no
fundo dessa lenda, o que remanesce mesmo é o culto ao sol, conexo ao mito do
sacrificado. [3]
É importante,
entretanto, ter em mente que tais concepções só são aceitáveis do ponto de
vista filosófico, do praticante do livre-pensamento, que se acredita ser o
maçom. Na verdade, o misticismo é uma forma alternativa de se explicar o mundo.
Se suas concepções são avessas as doutrinas oficiais, não há que se ver aí
qualquer motivo de escândalo. As concepções extraídas pelos cainitas sobre os
textos bíblicos são apenas o ponto de vista que um grupo de pensadores
heterodoxos desenvolveu sobre alguns temas polêmicos que aparecem nos textos
sagrados, e que, até hoje, não encontraram consenso entre os estudiosos. Do
ponto de vista meramente acadêmico merecem ser analisadas com o mesmo respeito,
(e cuidado), que aquelas veiculadas pelos doutrinadores ortodoxos .[4]
Em nosso livro
“Conhecendo a Arte Real” discorreremos com mais profundidade sobre o conteúdo
da Lenda de Hiram e a sua influência gnóstica, bem como sua origem cabalística.[5]. Por ora é suficiente
lembrar que a maioria das tradições dos antigos povos associa o despertar da
consciência humana, a aquisição do conhecimento e os primeiros rudimentos de
ciência a uma “rebelião” que afastou o homem dos deuses. Na Bíblia essa
“rebelião” está, de certa forma, conectada com a família de Cain. Dela, por
descendência direta, sairiam os personagens Jubal, Jabel e Tubalcain, que na
tradição maçônica estão conectados com o Drama de Hiram. As associações que se
podem fazer entre esses personagens e o simbolismo da Loja de Companheiros
correm por conta do conhecimento e da intuição dos irmãos, mas a partir dessas
informações já é possível pressentir uma explicação para a estranha trama que
envolve o arquiteto do Templo do Rei Salomão. No momento oportuno voltaremos a
esse assunto.
A lenda cainita que liga a família de Hiram,
fundidor, á Tubalcain, nome bastante conhecido dos maçons nas Lojas Simbólicas,
em síntese, diz o seguinte:
“ Salomão,
ao receber de Deus a incumbência para construir o Templo, entrou em acordo com
o rei de Tiro, que se comprometeu a lhe enviar todo o material necessário, bem
como os técnicos requeridos para a construção, pois em Israel não havia
profissionais capazes de realizar tal trabalho. Entre os profissionais enviados
por Hiram, rei de Tiro, estava Hiram, o construtor, também perito em fundição.
Na ocasião em que fundia as colunas do Templo, três israelitas invejosos,
descontentes pelo fato do Templo do Senhor estar sendo construído por um
estrangeiro, (embora Hiram fosse de origem israelita), sabotaram o molde que
iria servir para a fundição. Hiram, descobrindo a sabotagem, denunciou-a ao rei
Salomão, que, no entanto, não tomou nenhuma providência. No dia da fundição, o
mar de bronze escorreu pela multidão que a assistia, matando uma grande parte
dela. Hiram foi acusado de negligência e abandonou o canteiro de obras.
Refugiando-se no deserto, foi tomado por uma visão. Um gigantesco homem barbado
surgiu á sua frente: disse ser o espírito de todos os que trabalham e sofrem
nas mãos dos poderosos. Convidou-o a segui-lo. Hiram acompanhou o misterioso
personagem, que o conduziu ás entranhas da terra, até o lugar onde habitava
Enoque, pai de todos os homens de ciência, que no Egito se chamava Hermes.
Foi então que Hiram descobriu os segredos com
os quais foi construída a cultura da humanidade. Enoque, ou Hermes, ensinou-lhe
todos os segredos da arte de construir; apresentou-lhe também Maviel, o
carpinteiro, que ensinou a humanidade a trabalhar a madeira, Matusael que criou
a arte da escrita, Jabel que criou a arte da tecelagem, Jubal que inventou a
música e os instrumentos musicais e Tubalcain, aquele que ensinou aos homens a
arte de curtir peles, a tecer a lã, a arte de fundir e transformar os metais, e
foi pai daqueles que trabalham a forja e controlam o fogo. E depois Enoque, ou
Hermes, disse a Hiram como o mundo foi feito:
“Dois
deuses criaram o universo”, disse Enoque: “ Adonai, senhor da matéria e
Iblis, senhor do espírito”. Adonai criou o homem a partir do barro da terra e
Iblis insuflou-lhe no peito o espírito. O homem, que era belo e inteligente
como um deus, despertou em Lilith, deusa irmã de Iblis, uma intensa paixão.
Esta, em conseqüência, tornou-se amante do homem Adão. Os deuses haviam feito
uma companheira para Adão, tirada da sua costela, chamada Eva. Por vingança,
pelo fato de Adão ter se amasiado com sua irmã Lilith, Ibles seduziu Eva e
gerou-lhe um filho, que foi Cain[6]. Ao
saber que Cain era filho ilegítimo de Eva com Iblis, Adão o expulsou. Cain
separou-se de sua família celeste e deu inicio á família terrestre. Abel, o
outro filho de Adão com Eva manteve-se fiel ás origens, razão pela qual o
conflito instalou-se na terra.
Foi assim
que ocorreu a separação entre as estruturas do céu e da terra, evocadas pela
tradição egípcia, e a expulsão do homem do paraíso terrestre, referida na
Bíblia. Hiram foi então apresentado a Cain, que fez amargas queixas contra os
deuses, especialmente Adonai. Reivindicou para si a origem da ciência e do
conhecimento e disse ser essa a razão pela qual Adonai recusou seus
sacrifícios, aceitando, no entanto, os de Abel. “Adonai”, diz Cain, “detesta a
ciência e o conhecimento, porque eles tornam o homem insubmisso ao seu poder”.
Como os homens cresceram e multiplicaram-se sobre a terra, Adonai, ciumento e
temeroso que os homens escapassem do seu controle, resolveu destruí-los
mandando que as águas cobrissem a terra e afogasse todos seus habitantes. Mas
Noé, instruído por Maviel, o carpinteiro, frustrou os planos de Adonai
construindo uma arca na qual ele salvou-se a si a sua família, dando
continuidade á família terrestre.[7]
O Mestre
Hiram nas “Velhas Regras”
Por conta dessa
origem luciferina da arte metalúrgica, a Bíblia diz que Deus “proibira a
utilização de ferramentas de ferro no interior do canteiro de obras do templo”.
O “tabu do ferro” sempre acompanhou a cultura hebraica na forma de uma grande
aversão pela metalurgia. Uma explicação histórica para essa aversão talvez
esteja no fato de que, durante os anos de ocupação da Palestina pelos
filisteus, os israelitas foram proibidos de praticar qualquer oficio ligado á
fundição de metais. Era uma proibição que objetivava impedir que os filhos de
Israel se armassem e promovessem uma revolução. Só no tempo de Davi essa
proibição foi levantada e os israelitas puderam fundir e fabricar espadas.
A tradição
cabalista vai mais longe nessa lenda. De acordo com algumas interpretações
rabínicas, constantes do Zohar, a arte da metalurgia está conectada com o lado
mau e rebelde da família humana, ligada ao nome deTubalcain. É,
portanto, uma arte luciferina, de inspiração malévola. Um povo consagrado ao
Senhor não poderia praticá-la.[8]
Só assim é possível entender o temor das
técnicas de metalurgia que acompanha a antiga cultura hebraica. Veja-se,
inclusive, que todas as experiências daquele povo com essa arte estão
conectadas com alguma tragédia: Aarão com seu bezerro de ouro, Moisés com a
serpente de bronze, Hiram com o mar de bronze etc. Dessa forma também é
possível explicar a utilização do nome de Tubalcain como senha na transposição
do companheiro para o mestre.[9]
O Mestre
Hiram nas “Velhas Regras”
A Lenda de Hiram
acabou sendo um denominador comum entre todas as práticas maçônicas. Hiram
arquiteto é o detentor dos grandes segredos iniciáticos. Ele é o construtor do
Templo de Salomão, cuja estrutura reflete o próprio universo. Sua morte
representa a transição do profano para o sagrado, do técnico para o científico,
do reino grosseiro da matéria para o reino sutil do espírito. Pelo fenômeno da
simbiose, o companheiro rebelde, que vivia no domínio inferior da consciência,
se reconcilia com o substrato superior do espírito, e adquire, agora da forma
correta (e não pela violência), a sua passagem de grau.
Esse foi o conteúdo
da lenda desenvolvida para o catecismo maçônico das “Velhas Regras” (Old
Charges). Nas Old Charges o nome de Hiram é citado como sendo filho do rei de
Tiro, cujo nome também é Hiram.Tanto no Manuscrito Cooke quanto no Downland,
essa informação é referida. Horne acredita que isso é resultado de uma
interpretação equivocada da palavra Hiram Abi, que significa “Hiram, meu pai”.
As referências a Hiram, entretanto, aparecem em várias outras Old Charges, e em
algumas delas, ele é citado como sendo “príncipe maçom”.[10]
As referências a
Hiram nas “Velhas Regras”, entretanto, são muito contraditórias. Em alguns
desses antigos manuscritos, o mestre arquiteto do templo de Salomão chega a ser
confundido com o rei Nenrode, construtor da Torre de Babel. Por isso é que as
informações mais confiáveis sobre a identidade do Mestre Hiram ainda são
aquelas veiculadas pela Bíblia e por historiadores como Flávio Josefo, por
exemplo.
Com exceção do fato
de que nos textos sagrados ele não aparece como arquiteto, mas como fundidor de
bronze, todo o conteúdo da lenda pode ser encontrado nas crônicas bíblicas: Em
Reis, 13:7 lemos que Salomão “Escolheu obreiros em todo Israel, e ordenou
que fossem trinta mil homens. E ele os mandava ao Líbano, dez mil a cada mês,
de sorte que ficavam dois meses em suas casas e Adoniram era o encarregado do
cumprimento dessa ordem. E teve Salomão setenta mil que acarretavam as cargas,
e oitenta mil cabouqueiros nos montes; fora os aparelhadores de cada obra, em
número de três mil e trezentos, que davam as ordens aos que trabalhavam. E o
rei mandou que tirassem pedras grandes, pedras de preço para os alicerces do
Templo, e que as facejassem. E lavraram-nas os canteiros de Salomão e os
canteiros de Hirão; e os de Gíblios ,porém, aparelhavam as madeiras e as pedras
para edificar a casa”.[11]
Os giblitas, no
entanto, eram considerados estrangeiros. Como estrangeiros não poderiam
compartilhar dos segredos dos mestres até que recebessem a devida elevação. Era
uma elevação que não se alcançava meramente cumprindo um interstício de tempo
como companheiro, ou simplesmente aprendendo o segredo dos planos de
construção, que eram arte especulativa. Nisso estava envolvida
principalmente uma questão religiosa, e essa questão era a proibição de que um
segredo de natureza sagrada fosse revelado a pessoas que ainda não tinham
obtido o devido merecimento. Era preciso encontrar uma fórmula que superasse
esse impasse, permitindo que o companheiro pedreiro, estrangeiro para as
tradições hebraicas, pudesse romper essa barreira para ser admitido no seleto
circulo dos mestres.
Não sendo assim a
chamada Escola de Arquitetura de Salomão, que a imaginação de Anderson colocou
nos canteiros de obras do Templo do Rei Salomão acabaria se transformando numa
alegoria sem sentido. A solução foi o sacrifício ritualístico do Mestre Hiram,
que como já dissemos, é a porta de entrada nos Mistérios Maçônicos. Com
essa alegoria Anderson introduziu na tradição maçônica dois arquétipos de
grande significado histórico, psicológico e religioso, que são o mito solar,
que está na origem do mito do herói sacrificado e o sacrifício da
completação. A finalidade desse sacrifício é francamente escatológica,
como veremos.
O mito do
herói sacrificado
Todo maçom que
tenha sido elevado ao mestrado na Arte Real já fez a sua marcha ritual em volta
do esquife do Mestre Hiram Abiff, o arquiteto do Templo do Rei Salomão,
assassinado pelos três companheiros ambiciosos que queriam abreviar o prazo de
seu aprendizado e obter os graus mais elevados sem o devido mérito. A alegoria
da morte de Hiram é uma clara alusão ao mito do sacrificado. Ele está
conectado, de um lado ao simbolismo da ressurreição e de outro lado ao mito
solar. Pois nas antigas religiões solares, como vimos, o sol, princípio da
vida, morria todos os dias para ressuscitar no dia seguinte, após passar uma
noite em meio ás trevas.
Assim como toda a
teatralização dos Antigos Mistérios, fosse na Grécia ou no Egito, ou em
qualquer outra civilização que praticasse esses festivais, mais do que uma
simples homenagem aos deuses protetores da natureza, esses rituais simbolizavam
a jornada do espírito humano em busca da Luz que lhe daria a ressurreição. É
nesse sentido que a marcha dos Irmãos em volta do esquife de Hiram, sempre no
sentido do Ocidente para o Oriente, nada mais é que uma imitação desse antigo
ritual, que espelha a ansiedade do nosso inconsciente em encontrar o seu
“herói” sacrificado (ou seja, o sol), para nele realizar a sua ressurreição.
Pois o sol, em todas essas religiões, era o doador da vida. Ele fertilizava a
terra e fazia renascer a semente morta. Destarte, toda a mística desses antigos
rituais tinha essa finalidade: o encontro com a luz que lhe proporcionaria a
capacidade de ressurreição.[12]
O sacrifício
da completação
Conectado com esse
simbolismo, os antigos povos, em suas tradições iniciáticas relacionadas com
grandes obras arquitetônicas, desenvolveram o chamado “sacrifício da
completação”. Esse sacrifício consistia em oferecer ao deus a quem era dedicado
o edifício um sacrifício de sangue, que podia ser o holocausto dos inimigos
aprisionados em guerra ou pessoas escolhidas entre próprio povo. Muitas vezes
essa escolha recaia sobre mulheres virgens (as vestais) ou jovens guerreiros,
realizadores de grandes feitos na guerra. Acreditava-se que assim os deuses
patronos dos poderes da terra se agradariam daquele povo, prodigalizando-lhes
fartura de colheitas e proteção contra os inimigos.[13]
Esse tema remonta á
antigas lendas, cultivadas pelos povos do Levante, segundo o qual nenhuma
grande empreitada poderia obter bom resultado se não fosse abençoada pelos
deuses. E essa benção era sempre obtida através de um sacrifício de sangue.
Esse costume era praticado até pelos israelitas, como prova o texto bíblico ao
informar que Salomão, ao terminar a construção do Templo “sacrificou rebanho e
gado, que de tão numeroso, nem se podia contar nem numerar.”[14]
Dessa forma, na
Maçonaria, o Drama de Hiram tem uma dupla finalidade iniciática: de uma lado
presta sua referência ao culto solar, sendo Hiram, nessa mística, o próprio sol
que é homenageado; de outro lado, cultua o herói sacrificado, pois é nele que
se consuma a obra maçônica.
E dessa forma, a
principal alegoria do ensinamento maçônico assume o seu verdadeiro e real
significado.
[3] O
mito do sacrificado é uma tradição cultivada por todos os povos antigos que
desenvolveram religiões solares. O “sacrificado”, no caso, é o próprio sol, que
“morre” todos os dias e renasce no dia seguinte. E graças ao seu calor e sua
luz, a vida na terra também têm os seus ciclos regenerativos. Em função dessa
crença, acreditava-se que todo período de tempo deveria ser agradecido aos
deuses através de um sacrifício de sangue, para que a terra prodigalizasse ao
povo o benefício de grandes colheitas. Essa era a crença que estava na raiz dos
chamados Mistérios Antigos. De outra forma, todos os grandes empreendimentos
também tinham que ter um “sacrificado” para que essa obra fosse levada á bom
termo. Na imagem, reconstituição do Templo de Salomão. Fonte: Alex Horne: O
Templo de Salomão e a Tradição Maçônica.
[4] É
também originária dos cabalistas cainitas a exclamação Huzz, Huzz, Huzz ,
que no Rito Escocês costuma ser utilizada na abertura e no encerramento dos
trabalhos em Loja. Essa exclamação (aportuguesada para Huzé, Huzé, Huzé) também
era utilizada pelos Cavaleiros Templários, na recepção de seus grãos-mestres. A
palavra é derivada do hebraico hoschea, que significa libertador.
[5] Publicado
pela Editora Madras, 2006. Atualmente está esgotado. Estamos preparando uma
segunda edição para 2017.
[6] A
Bíblia também se refere á essa tradição quando fala nas belas filhas dos
homens, por quem os deuses se apaixonaram e geraram filhos, os audazes
“nefilins”. Na imagem, o “Mar de Bronze” fundido pelo Mestre Hiram.
[8] Veja-se
que na mitologia grega, o deus que cumpre esse papel, é Vulcano, tido pelos
gregos como o deus da forja, controlador do fogo. O arquétipo do deus Vulcano,
que habita o interior da terra, está conectado com tradições luciferinas.
[9] Pois
o companheiro, na tradição da Maçonaria, é aquele que assassina o Mestre Hiram
para obter o segredo do grau de mestre.
[11] Reis,
13-17. Os giblios, ou giblitas, eram os trabalhadores das pedreiras de Biblos,
cidade fenícia que ficava cerca de 120 quilômetros ao norte de Tiro. Essa
cidade é conhecida hoje como Gebal. Nos Primeiros Catecismos Maçônicos, os
giblitas eram considerados como sendo os verdadeiros pedreiros, razão pela qual
o Manuscrito Wilkinson, uma Old Charge utilizada por algumas Lojas inglesas do
inicio do século XVIII, continha o seguinte trolhamento para o iniciando:
“P. Qual é o nome do pedreiro?” “R. Giblita”. Segundo Horne, essa palavra ainda
hoje é utilizada em cerimônias de iniciação em Lojas inglesas e americanas
[13] Veja-se
o relato bíblico em Juízes: 11;30,31, na qual o juiz Jefté sacrifica a própria
filha em razão de um voto feito á Jeová.
[14] Reis
I- 8:5- Na imagem 2, gravura mostrando os maçons em volta do esquife do Mestre
Hiram. Fonte:
“Morals and Dogma”, de Albert Pike - Kessinger Publishing Co.
1992.
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